Lição 6, 31 de Outubro a 06 de Novembro
Sábado à tarde
VERSO Áureo: “E Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E logo viu, e seguiu a Jesus pelo caminho.” Marcos 10:52
LEITURAS DA SEMANA: Génesis 3:1-11; Romanos 5:11-19; Génesis 28:10-17; João 1:1-14; Mateus 15:21-28; Marcos 10:46-52
Quem é que nunca teve vergonha de si mesmo? Muitos já fizeram coisas que os levaram a recuar horrorizados ao imaginar que outras pessoas pudessem ficar a saber desses atos. Provavelmente todos nós já tenhamos passado por isso, não é?
Imagine, então, como foi estar na situação de Adão e Eva depois que eles comeram o fruto da árvore proibida. Ou quando Jacó enganou o seu pai para que ele o favorecesse em detrimento do seu irmão mais velho, tendo depois que fugir da ira do seu irmão. Como ele dormiu à noite? E imagine que fosse a mulher “apanhada em flagrante adultério” (João 8:4). Davi também passou por isso, e o Salmo 32 foi a sua dolorosa expressão e confissão de como tinha sido a sua experiência.
Por isso, o evangelho é universal, e a morte de Cristo foi em favor de toda a humanidade. Sejam quais forem as nossas diferenças, certamente uma coisa nos une: a nossa natureza pecaminosa.
Portanto, a verdadeira educação cristã deve mostrar-nos a única solução para a nossa situação bastante trágica: o Mestre dos mestres, tema que estudaremos nesta semana.
Domingo, 01 de Novembro
Em vez De Se Esconder
1. Leia Génesis 3:1-11. Porque é que Deus perguntou a Adão: “Onde estás?”
Histórias típicas da queda retratam o fruto como uma maçã. Mas o texto não afirma isso. Era simplesmente o “fruto da árvore” (Génesis 3:3). Não importa o tipo do fruto. Comer daquela árvore era proibido porque a árvore representava algo: a tentação de “colocar Deus de lado” e declarar: “Eu posso servir de norma para avaliar a minha vida. Posso ser deus para mim mesmo. Eu tenho autoridade acima da Palavra de Deus”.
Certamente, quando a cobra, ou a “serpente”, fez com que Adão e Eva comessem do fruto da árvore, a vida deles saiu dos carris. E então, quando sentiram a presença de Deus perto deles, tentaram esconder-se “da presença do Senhor Deus [...] por entre as árvores do jardim” (Génesis 3:8).
É muito estranho que Deus tenha perguntado a Adão: “Onde estás?”. O Senhor certamente sabia onde ele estava. Talvez Deus tenha feito a pergunta para ajudar Adão e Eva a perceberem exatamente o que estavam a fazer, escondendo-se, como resultado do pecado cometido. Ou seja, Deus ajudou-os a perceber os tristes resultados das suas ações.
2. Leia Romanos 5:11-19, em que Paulo relacionou directamente muitas vezes o que Adão fez no Éden com o que Jesus fez na cruz. Como é que Jesus desfez o que Adão tinha feito?
Pode-se argumentar que o plano da salvação é a reacção de Deus à resposta de Adão e Eva. Eles estavam-se a esconder de Deus por causa da vergonha e culpa do seu pecado, e Deus veio resgatá-los. Da nossa maneira, também fizemos a mesma coisa, e Jesus veio resgatar-nos. Portanto, a pergunta “Onde estás?” também poderia ser feita a nós. Ou seja, onde está, no seu pecado e culpa, em relação a Jesus, e o que Ele fez para o resgatar dessa condição?
Porque é que a educação cristã deve envolver, e até mesmo enfatizar, o facto de que a nossa condição natural nos leva a esconder-nos de Deus, e indicar-nos a Jesus como a solução?
Segunda-feira, 02 de Novembro
Fuga
3. Leia Génesis 28:10-17. Qual é o contexto desta história? O que revela ela sobre a graça de Deus àqueles que, de certa forma, estão a fugir dos seus pecados?
Na sua conduta com o resto da família, Jacó, com a ajuda da sua mãe, tinha enganado cruelmente o seu irmão e o seu pai, e agora estava a pagar por isso. O seu irmão estava-o a ameaçar violentamente, e Jacó tinha-se tornado um fugitivo, seguindo para a casa do seu tio em Harã. Tudo era incerto e assustador.
Um dia, Jacó caminhava penosamente ao anoitecer e depois na escuridão. Ele estava no meio do nada, tendo apenas o céu estrelado como teto. Ao encontrar uma pedra que lhe serviu de almofada, Jacó adormeceu. Mas a absoluta inconsciência do sono foi interrompida. O famoso sonho lhe sobreveio, e a escada que ele viu apoiava-se sobre a Terra e estendia-se até ao Céu. Anjos subiam e desciam pela escada.
Então ele ouviu uma voz: “Eu Sou o Senhor, Deus de Abraão”. A voz continuou, repetindo promessas com as quais Jacó estava familiarizado a partir da sua tradição familiar. A sua descendência tornar-se-ia grande. Ela seria uma bênção a todas as famílias da Terra. “Eis que Eu estou contigo”, continuou a voz, “e te guardarei por onde quer que fores [...]; porque te não desampararei, até cumprir Eu aquilo que te hei referido” (Génesis 28:15).
Ellen G. White escreveu como Paulo, muito mais tarde, “contemplava a escada da visão de Jacó, que representa Cristo, e que ligou a Terra com o Céu, o homem finito com o infinito Deus. Sua fé se fortaleceu na recordação de como os patriarcas e profetas confiaram Naquele que era também seu amparo e consolação e por quem estava dando a vida” (Atos dos Apóstolos, p. 512).
Jacó acordou e disse para si mesmo: “Na verdade, o Senhor está neste lugar, e eu não o sabia” (Génesis 28:16). O que aconteceu naquela ocasião foi “temível”. Ele nunca esqueceu aquele lugar e deu-lhe um nome. Então Jacó prometeu lealdade eterna a Deus.
O que nos ensina esta história sobre como Deus, em Cristo, está a tentar nos alcançar, apesar dos nossos pecados? Porque é que esse princípio deve ser mantido em primeiro plano nos ensinos da educação cristã?
Terça-feira, 03 de Novembro
O Rabi Jesus
De todas as introduções de capítulos no Novo Testamento, nenhuma é mais famosa do que esta: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (João 1:1). E João 1 leva-nos ao verso inesquecível: “E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a Sua glória, glória como do Unigénito do Pai” (João 1:14).
4. Leia João 1:1-14. De acordo com esta passagem, quem era Jesus e o que Ele estava a fazer? O que revela isto sobre Jesus como o grande exemplo de mestre?
O mesmo Deus, que tinha falado com Adão e Eva no jardim, e com Jacó no meio do nada, apareceu então como Pessoa. Segundo o Novo Testamento, Deus foi personificado em Jesus. Através de Jesus, podemos aprender sobre a vontade de Deus e sobre o Seu caminho, pois Jesus é Deus.
Na sequência, o capítulo afirma que João Batista era um pregador tão convincente que até os líderes religiosos de Jerusalém suspeitavam que ele fosse alguém especial. Mas ele estava a preparar o caminho para Alguém maior. Alguém surpreendentemente especial estava prestes a aparecer, e ele, João Batista, seria indigno “de desatar-Lhe as correias das sandálias” (João 1:27).
No dia seguinte, ele viu Jesus e declarou que Ele era o “Filho de Deus”. Naquele dia, e também um dia depois, ele chamou a Jesus “o Cordeiro de Deus”.
Além disso, dois seguidores de João Batista decidiram seguir Jesus. E quando o Senhor perguntou o que eles procuravam, eles chamaram-nO “Rabi” (João 1:38), que significa Mestre.
Portanto, Jesus era um rabi, um mestre. Porém, nunca houve um mestre humano como Ele, pois Ele é Deus. Noutras palavras, Deus veio à humanidade na forma de um ser humano e, nessa forma, atuou como rabi e mestre. Não é de admirar que Ellen White tenha chamado Jesus “o maior mestre que o mundo já conheceu” (Signs of the Times, 10 de junho de 1886). Afinal, este Mestre era Deus.
Considerando quem era Jesus, porque é que faz sentido aprender com Ele as melhores maneiras de ensinar a verdade espiritual? Porque não é apenas o que dizemos que é importante para o ensino, mas também o que fazemos?
Quarta-feira, 04 de Novembro
A Mulher Que Respondeu
Jesus é o Mestre dos mestres. O carácter de Deus resplandece através dos Seus ensinos e mediante a Sua vida. Assim, uma história do evangelho é ainda mais extraordinária por mostrar que, mesmo quando alguém responde a Jesus, Ele ainda ouve.
5. Leia a história do encontro de Jesus com a cananeia da região de Tiro e Sidom (Mateus 15:21-28; Marcos 7:24-30). Observe que os discípulos de Jesus foram impacientes com ela e até Jesus a pareceu dispensar. Qual é a sua opinião sobre a audácia da mulher? Como ensinava Jesus?
Jesus estava perto de Tiro e Sidom. Ele tinha atravessado para um lugar onde havia estrangeiros e tensão étnica. Os habitantes da cidade que falavam grego desprezavam os agricultores judeus, e estes, por sua vez, desprezavam os habitantes de lingua grega.
Não muito tempo antes, Herodes, o governador fantoche da Galileia, território natal de Jesus, tinha executado João Batista. Mas João foi um homem cuja visão era amplamente partilhada por Jesus, e a sua execução pareceu ameaçadora. O Mestre tinha começado a enfrentar o perigo da Sua missão.
Sentindo a tensão, Ele entrou numa casa, esperando, como disse Marcos no seu relato, que ninguém soubesse que estava ali (Marcos 7:24). Mas a mulher encontrou-O.
Na cultura daquela época, uma mulher não tinha o direito de se expressar. Além disso, esta mulher pertencia a uma cultura e a um grupo étnico dos quais os judeus não gostavam, e isso colocava-a em desvantagem ainda maior.
Mas a filha da mulher estava doente. Ela queria ajuda e insistiu em pedi-la. Jesus disse: “Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos” (Mateus 15:26). Estas palavras poderiam ter ferido os sentimentos dela.
Então, a mulher apresentou uma resposta extraordinária. Ela estava familiarizada com os cães, ao contrario dos judeus, que não os tinham como animais de estimação, e então disse: “Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos” (Mateus 15:27).
Este comentário fez a diferença. Pareceu convincente. E Jesus curou a sua filha.
“Faça-se contigo como queres” (Mateus 15:28). Como entendemos estas palavras? Como reagimos, porém, quando as coisas não acontecem como desejamos?
Quinta-feira, 05 de Novembro
Um Aluno Que Entende
Jesus e os Seus seguidores estavam a dirigir-se para Jerusalém. Tal como Herodes se tinha inquietado com João Batista, as autoridades, inclusive Herodes, estavam agora preocupadas com Jesus. Os Seus seguidores incluíam os pobres e outras pessoas vulneráveis que esperavam desesperadamente por mudanças.
Acima de todas as coisas, Jesus desejava trazer esperança ao mundo. Mas, àquela altura, Ele tinha certeza de que os que tinham mais poder e privilégios fariam o que pudessem para anular essa missão. Eles não queriam que Jesus tivesse sucesso.
No que diz respeito ao círculo interno dos discípulos de Jesus, os doze, eles pareciam ansiosos para estar ao Seu lado. Mas, ao mesmo tempo, pareciam confusos – ou cegos. Por exemplo, em Marcos 8:31-33, o Mestre desafiou os Seus discípulos a ver coisas difíceis para eles. Ou seja, em muitos aspectos, eles ainda estavam espiritualmente cegos para o que realmente importava (veja Marcos 8:37).
Este foi o contexto do encontro de Jesus com alguém que realmente “via”.
6. Leia a história da cura de Bartimeu, um mendigo cego (Marcos 10:46-52). Observe a grande misericórdia mostrada por Jesus. Considere como o desejo de ver levou o cego à decisão de seguir Jesus no caminho para Jerusalém. Será que Marcos estava a fazer um contraste entre Bartimeu e os discípulos? Como é que esta história lança luz sobre o que significa ser receptivo ao Mestre?
Bartimeu tinha desejado ver os cachos no cabelo de um bebé e a cor do trigo na colheita. Mas ver inclui mais do que apenas a questão física. Noutras palavras, esta história fala da visão espiritual. A essência dela é entender, captar quem é realmente o Mestre dos mestres. A visão física é algo importante, e Jesus sabe disso. Mas Ele também sabe que o desejo mais profundo de cada pessoa é uma vida nova e melhor.
7. Leia Hebreus 5:12-14. O que nos ensina este texto sobre a verdadeira educação?
Sexta-feira, 06 de Novembro
Estudo Adicional
Ellen G. White, “O Teste da Obediência”, Caminho a Cristo, p. 57-65
Ellen White declarou (entre outras coisas) que, quando realmente aceitarmos o Mestre dos mestres, “teremos o desejo de refletir a Sua imagem, possuir o Seu Espírito, fazer a Sua vontade e agradá-Lo em todas as coisas”. Na companhia de Jesus Cristo, o dever “torna-se um deleite” (Caminho a Cristo, p. 58, 59). Nos capítulos 5 a 7 de Mateus encontramos o Sermão da Montanha, um dos melhores resumos do que o Mestre desejava que os Seus discípulos conhecessem, e a tónica do reino que Ele veio estabelecer.
Perguntas para consideração:
1. Como Deus Se dirigiu a Adão e Eva, e também a Jacó, assim Jesus Se dirige a nós. Ele liga-Se com os nossos anseios profundos e desperta-nos (como fez a Bartimeu) para que reconsideremos quem somos e para onde estamos a ir. Diante disto, pense em como ensinamos a Bíblia aos nossos filhos e uns aos outros. Qual é a diferença entre o ensino medíocre da Bíblia e o ensino convincente, que realmente faz a diferença?
2. Onde está na jornada da vida? Esta questão é puramente pessoal ou pode ser útil discuti-la com pessoas em quem confia? O conceito da igreja como o “corpo de Cristo” (1 Coríntios 12:27) sugere que conversar com outras pessoas pode ser uma forma de entrar em contacto com o que Cristo deseja que saiba?
3. Quando Bartimeu pôde ver – logo que ele foi resgatado da sua cegueira física (e espiritual) – ele seguiu Jesus no caminho para Jerusalém. Nessa estrada, ele ouvia todos os dias a sabedoria do Mestre dos mestres. Podemos imaginar que ele desejasse reflectir a imagem de Jesus, possuir o Seu Espírito e fazer a Sua vontade. Porque é que alguém se “deleitaria”, como lemos no livro Caminho a Cristo, em seguir um padrão tão alto como o que Jesus defendeu no Sermão da Montanha?
4. Como é que discernimos entre o bem e o mal? Porque talvez seja ainda mais importante o que fazemos com este conhecimento do que ter essa consciência em si?