8.1.21

Crise De Liderança

Lição 2, 02 a 08 de Janeiro


Sábado à tarde

VERSO ÁUREO: “No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séquito enchia o templo.” Isaías 6:1

LEITURAS DA SEMANA: Isaías 6

Questionado por um dos seus discípulos sobre o que era necessário a um bom governo, Confúcio respondeu: “Comida suficiente, armas suficientes e a confiança do povo”.

“‘Mas’, perguntou o discípulo, ‘imagine que não tenha escolha senão dispensar um desses três, ao que renunciaria?’”

“Armas”, disse Confúcio.

O discípulo dele insistiu: “Imagine então que fosse forçado a dispensar um dos dois que restaram, qual seria a sua renúncia?”

Confúcio respondeu: “Comida, pois desde a antiguidade a fome tem sido a sina de todos os homens, mas um povo que já não confia nos seus governantes está realmente perdido” (Editado por Michael P. Green, 1500 Illustrations for Biblical Preaching; Grand Rapids, MI: Baker Books, 1989, p. 215).

As pessoas querem uma liderança forte e confiável. Quando um soldado se estava a inscrever para um segundo período de serviço militar, o recrutador do exército perguntou porque ele se queria alistar novamente. “Tentei a vida civil”, disse ele, “mas ninguém está no comando ali”.

Nesta semana, vamos examinar a crise de liderança de Judá e os tristes resultados que se seguiram.

Domingo, 03 de Janeiro

O Rei Está Morto. Vida Longa Ao Rei!

1. Isaías 6:1 fala sobre a morte do rei Uzias. De acordo com 2 Crónicas 26, qual é o significado da morte dele?

Podem ser apresentadas diferentes perspectivas em relação à morte deste rei:

1. Embora o reinado de Uzias tenha sido longo e próspero, “depois que Uzias se tornou poderoso, o seu orgulho provocou a sua queda” (2 Crónicas 26:16), e ele tentou oferecer incenso no templo. Quando os sacerdotes tentaram impedi-lo, pois ele não tinha autorização para o fazer, por não ser descendente de Arão (2 Crónicas 26:18), o rei ficou irado. Naquele momento, o Senhor imediatamente o atingiu com lepra, que ele teve “até ao dia da sua morte; e morou, por ser leproso, numa casa separada, porque foi excluído da Casa do Senhor” (2 Crónicas 26:21). Que ironia Isaías ter tido uma visão do puro, imortal e divino Rei na Sua casa/templo no mesmo ano em que o impuro rei humano tinha morrido!

2. Há um contraste marcante entre Uzias e Isaías. Uzias buscou a santidade com presunção, pelo motivo errado (orgulho) e, em vez disso, tornou-se ritualmente impuro, de modo que foi separado da santidade. Isaías, por outro lado, permitiu que a santidade de Deus o alcançasse. Admitiu a sua fraqueza e ansiava pela pureza moral, o que acabou por receber (Isaías 6:5-7). Como o colector de impostos na parábola de Jesus, ele foi embora justificado: “Porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado” (Lucas 18:14).

3. Há uma semelhança impressionante entre o corpo leproso de Uzias e a condição moral do povo: “Não há nada são, a não ser feridas, contusões e chagas abertas” (Isaías 1:6).

4. A morte de Uzias, aproximadamente em 740 a.C., marca uma grande crise na liderança do povo de Deus. A morte de qualquer governante absoluto já torna o seu país vulnerável durante uma transição de poder. Mas Judá estava especialmente em perigo, pois Tiglate-Pileser III tinha subido ao trono da Assíria alguns anos antes, em 745 a.C., e entrou imediatamente numa campanha militar que fez da sua nação uma superpotência invencível, ameaçando a existência independente de todas as nações do Oriente Próximo. Naquele momento de crise, Deus encorajou Isaías, mostrando ao profeta que Ele ainda estava no comando.

Leia com atenção 2 Crónicas 26:16. De que maneira podemos cair na mesma armadilha? Como a meditação sobre o sacrifício de Jesus na cruz nos protege deste engano?

Segunda-feira, 04 de Janeiro

Santo, Santo, Santo

Observe Isaías 6:1-4. O rei tinha morrido durante uma grande crise política (os assírios estavam a entrar em guerra). Para Isaías, aquele poderia ter sido um momento de medo, em que ele não tivesse certeza de quem estava no comando.

Entretanto, ao ser tomado em visão, Isaías contemplou a glória de Deus no Seu trono, ouviu a antífona dos serafins resplandecentes (“abrasadores”), clamando as palavras “santo, santo, santo”, sentiu o resultante abalo sísmico do chão abaixo dele e olhou através do fumo rodopiante à medida que ele enchia o templo. Deve ter sido uma experiência impressionante! Com certeza, Isaías agora sabia quem estava no comando, apesar dos eventos externos.

2. Onde estava o Senhor na visão? (Isaías 6:1.) Porque apareceu Ele a Isaías ali, e não noutro lugar? (Êxodo 25:8; 40:34-38).

Ezequiel, Daniel e João estavam no exílio quando receberam as suas respectivas visões (Ezequiel 1; Daniel 7:9, 10; Apocalipse 4; 5). Como Isaías, eles precisaram do consolo e encorajamento de saber que Deus ainda estava no comando, mesmo que o seu mundo se estivesse a desmoronar. Daniel e Ezequiel eram cativos numa nação pagã que tinha destruído a sua terra, e João foi exilado numa ilha deserta por um poder político hostil. É evidente que estas visões lhes deram o que eles precisavam para permanecer fiéis, mesmo durante situações de crise.

“Quando Isaías contemplou esta revelação da glória e majestade do seu Senhor, sentiu-se oprimido com o senso da pureza e santidade de Deus. Que contraste entre a incomparável perfeição do seu Criador e a conduta pecaminosa dos que, como ele, faziam parte do povo escolhido de Israel e Judá!” (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 307).

A santidade transcendente de Deus, enfatizada na visão de Isaías, é um aspecto fundamental da sua mensagem. Deus é santo e exige santidade do Seu povo. O Senhor concederia esta santidade ao povo se ele se arrependesse, deixasse os seus maus caminhos e se submetesse a Ele em fé e obediência.

Todos já estivemos em situações em que tudo parecia perdido. Mesmo que não tenha tido uma visão da “glória do Senhor”, como Isaías, de que maneira o Senhor sustentou a sua fé durante essa crise? Que lição extraiu dessa experiência?

Terça-feira, 05 de Janeiro

Uma Nova Pessoa

No santuário/templo, apenas o sumo sacerdote se podia aproximar de Deus no santo dos santos, no Dia da Expiação, e com uma nuvem de incenso protectora; caso contrário, ele morreria (Levítico 16:2, 12, 13). Isaías viu o Senhor, embora não fosse sumo sacerdote, nem estivesse a queimar incenso! O templo “encheu-se de fumo” (Isaías 6:4), lembrando-nos da nuvem na qual a glória de Deus aparecia no Dia da Expiação (Levítico 16:2). Aterrorizado e pensando que aquele seria o seu fim (Êxodo 33:20; Juízes 6:22, 23), Isaías clamou, reconhecendo o seu pecado e o pecado do seu povo (Isaías 6:5), o que lembra a confissão do sumo sacerdote no Dia da Expiação (Levítico 16:21). “Em pé [...] na [...] divina presença no interior do santuário, ele sentiu que, se dependesse da sua própria imperfeição e ineficiência, seria inteiramente incapaz de executar a missão para a qual tinha sido chamado” (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 308).

3. Porque usou o serafim uma brasa viva do altar para purificar os lábios de Isaías? (Isaías 6:6, 7).

O serafim explicou que, quando a brasa tocou os lábios do profeta, a culpa e o pecado dele foram removidos (Isaías 6:7). O pecado não estava limitado ao discurso impróprio, porque os lábios significam não apenas a fala, mas a pessoa que a pronuncia. Purificado, Isaías podia oferecer um puro louvor a Deus.

O fogo é um agente de purificação, pois queima a impureza (Números 31:23). Mas o serafim usou uma brasa do fogo sagrado e especial do altar, que Deus tinha acendido e que era mantido em permanente combustão ali (Levítico 6:12). Portanto, o serafim tornou Isaías puro e santo. Além disso, na adoração no santuário ou templo, a principal razão para se tirar uma brasa do altar era acender o incenso. Compare esta ocasião com Levítico 16:12, 13, em que o sumo sacerdote devia tomar um incensário cheio de brasas do altar e usá-lo para acender incenso. Porém, em Isaías 6, o serafim utilizou a brasa no próprio profeta, em vez de no incenso. Enquanto Uzias desejava oferecer incenso, Isaías tornou-se um incenso! Tal como o fogo santo queimava o incenso para encher a casa de Deus com a fragrância sagrada, este fogo inflamou o profeta para espalhar uma mensagem santa. Não é por acaso que nos próximos versos, de Isaías 6:8 em diante, Deus tenha enviado Isaías ao Seu povo.

Qual foi a resposta de Isaías à visão (Isaías 6:5)? O povo pecador foi criado por um Deus santo (Isaías 6:3). Porque foi o Cristo crucificado a única resposta para este problema?

Quarta-feira, 06 de Janeiro

Comissão Real

“Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: – A quem enviarei, e quem há de ir por Nós? Eu respondi: – Eis-me aqui, envia-me a mim” (Isaías 6:8).

Depois de ter sido purificado, Isaías aceitou imediatamente o chamado de Deus para ser um representante a quem Ele pudesse enviar em Seu nome. Na linguagem do Novo Testamento, Isaías teria sido chamado apóstolo; isto é, “aquele que é enviado”.

Curiosamente, o livro de Isaías não começa, como outros livros proféticos, com a descrição do seu chamado profético (Jeremias 1:4-10; Ezequiel 1-3). Noutras palavras, ele já devia ter sido chamado para ser profeta, mesmo antes dos eventos do capítulo 6. A Bíblia mostra que um encontro divino pode encorajar um profeta mesmo depois do início do seu ministério (Moisés: Êxodo 34; Elias: 1 Reis 19). Além disso, em contraste com outros exemplos, em que Deus ordenou a outras pessoas que atuassem como profetas, em Isaías 6, o profeta ofereceu-se para uma missão especial. Parece que os capítulos 1 a 5 de Isaías apresentam as condições em que o profeta tinha sido chamado pela primeira vez, depois das quais Deus avivou o seu ministério, ao encorajá-lo no templo e reconfirmar a sua comissão como porta-voz do Senhor.

4. Deus encorajou Isaías no Seu templo. Há evidências noutras partes da Bíblia de que o santuário de Deus era um local de encorajamento? (Salmos 73:17; Hebreus 4:14-16; 10:19-23; Apocalipse 5). O que revelam estes textos?

O santuário de Deus não vibra apenas com um poder impressionante; é um local em que pessoas fracas e defeituosas, como nós, podem encontrar refúgio. Podemos ficar tranquilos ao saber que Deus está a trabalhar para nos resgatar através de Cristo, o nosso Sumo Sacerdote.

João também viu Cristo representado como um cordeiro sacrifical que tinha acabado de ser abatido, com a garganta cortada (Apocalipse 5:6). Não era uma visão bonita. A descrição sustenta que, embora Cristo tenha ressuscitado e subido ao Céu, Ele leva continuamente consigo o evento da cruz. Ele ainda é levantado para atrair todas as pessoas para Si no Seu altar.

Temos encontrado encorajamento no templo celestial pela fé, em oração? Hebreus 4:16 convida-nos a nos achegarmos ao trono de Deus com ousadia, “para recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna”. Se alguém perguntasse como temos encontrado graça e misericórdia nos momentos de necessidade, o que responderíamos?

Quinta-feira, 07 de Janeiro

Apelo Espantoso

5. Quando Deus enviou Isaías novamente, porque deu Ele ao profeta uma mensagem tão estranha para levar ao Seu povo? Isaías 6:9, 10

Para não pensarmos que Isaías tivesse ouvido mal ou que esta mensagem não fosse importante, Jesus citou esta passagem para explicar porque Ele ensinava por meio de parábolas (Mateus 13:13-15).

Deus não deseja que ninguém pereça (2 Pedro 3:9). Por isso, Ele enviou Isaías ao povo de Judá e Jesus ao mundo. Deus não quer destruir, mas salvar. Mas enquanto alguns atendem aos Seus apelos, outros tornam-se resistentes. Entretanto, Deus continua a apelar a eles, para lhes conceder oportunidades de arrependimento. Contudo, quanto mais eles resistem, mais endurecidos se tornam. Assim, o que Deus lhes faz resulta no endurecimento do coração deles, mesmo que o Senhor deseje que essas ações o amoleçam. O amor de Deus é imutável; a nossa resposta individual ao Seu amor é a variável crucial.

A função de um ministro, como Moisés, Isaías, Jeremias, Ezequiel ou até Cristo, é apelar, mesmo que as pessoas rejeitem a mensagem. Deus disse a Ezequiel: “Eles, quer ouçam quer deixem de ouvir, porque são casa rebelde, saberão que um profeta esteve no meio deles” (Ezequiel 2:5). A função de Deus e a dos Seus servos é oferecer às pessoas uma escolha justa, para que elas sejam advertidas adequadamente (compare com Ezequiel 3:16-21), mesmo que acabem por escolher a destruição e o exílio (Isaías 6:11-13).

6. Com esta ideia em mente, como entendemos a função de Deus no endurecimento do coração do Faraó?

Em Êxodo 4:21, Deus disse: “Eu lhe endurecerei o coração”. Esta é a primeira das nove ocasiões em que Deus disse que endureceria o coração do faraó. Mas também há nove ocasiões em que o faraó endureceu o seu próprio coração (por exemplo, Êxodo 8:15, 32; 9:34).

Faraó possuía livre-arbítrio, ou ele não seria capaz de endurecer o próprio coração. Mas o facto de que Deus também endureceu o coração de faraó indica que Ele iniciou as circunstâncias às quais Faraó reagiu, ao fazer a sua escolha de rejeitar os sinais divinos. Se o faraó tivesse sido receptivo a esses sinais, eles teriam amolecido, e não endurecido, o seu coração.

Já sentiu o seu coração a ser endurecido ao Espírito Santo? O que causou esse endurecimento? Achou isso assustador? Qual é a saída? (1 Coríntios 10:13).

Sexta-feira, 08 de Janeiro

Estudo Adicional

“Práticas iníquas tinham-se tornado tão predominantes entre todas as classes que os poucos que permaneciam fiéis a Deus eram muitas vezes tentados a perder o ânimo, dando lugar ao desencorajamento e desespero. Parecia que o plano de Deus para Israel estava à beira do fracasso total, e a nação rebelde fosse receber o mesmo destino de Sodoma e Gomorra.

“Diante de tais condições, não é de admirar que Isaías tenha hesitado em assumir a responsabilidade, quando Deus o chamou, durante o último ano do reinado de Uzias, para levar a Judá as mensagens de advertência e reprovação. Ele sabia muito bem que encontraria uma obstinada resistência. Considerando a própria incapacidade para enfrentar a situação e levando em conta a rebeldia e incredulidade do povo pelo qual ia trabalhar, a sua tarefa pareceu-lhe impossível de ser realizada. Deveria ele em desespero renunciar à sua missão, deixando Judá entregue à idolatria? Deveriam os deuses de Nínive reger a Terra, desafiando o Deus do Céu?” Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 306, 307

Perguntas para consideração:

1. Se um cético ou ateu o desafiasse com a pergunta: “Como pode provar que o seu Deus está no comando?”, o que responderia?

2. Se Deus está no comando, porque sofrem pessoas inocentes? Será que Isaías 1:19, 20 significa que apenas acontecerão coisas boas aos fiéis e somente coisas más aos rebeldes? (Jó 1; 2; Salmos 37; 73). Como podemos conciliar a nossa compreensão do carácter de Deus com o mal que acontece às pessoas?

3. Em Isaías 6, porque existem tantas conexões com o Dia da Expiação? Considere o facto de que nesse dia de juízo anual Deus limpava o Seu povo, purificando do pecado os fiéis (Levítico 16:30) e eliminando os infiéis (Levítico 23:29, 30).

Resumo: Num momento de insegurança, quando a fraqueza da liderança humana era dolorosamente evidente, Isaías recebeu uma grandiosa visão do Líder supremo do Universo. Paralisado pela própria inadequação, mas purificado e fortalecido pela misericórdia de Deus, Isaías estava pronto para ir, como embaixador do Eterno, a um mundo hostil.