16.9.18

Perante Félix - Comentário

Domingo, 16 de Setembro 2018

No seu discurso, Tértulo acusou Paulo de crimes que, se provados, teriam resultado na sua condenação por alta traição contra o governo. … Estas afirmações eram feitas com o desígnio de induzir o procurador a devolver Paulo à corte judaica. Todas as acusações foram sustentadas com veemência pelos judeus presentes, os quais não fizeram nenhum esforço para ocultar o seu ódio ao prisioneiro. …

O apóstolo falou com ardorosa e evidente sinceridade, e as suas palavras levavam um peso de convicção. … Além disso, Félix tinha mais conhecimento da religião judaica do que muitos supunham. A clara exposição que Paulo tinha feito dos factos, capacitou Félix neste caso a entender ainda mais claramente os motivos pelos quais os judeus eram dominados ao procurar acusar o apóstolo de sedição e conduta desleal. O governador não queria agradar-lhes condenando injustamente um cidadão romano, nem o poderia entregar para que o matassem sem um julgamento reto. No entanto Félix não conhecia motivo mais alto do que o interesse próprio, e era controlado pelo amor da fama e desejo de promoção. O temor de ofender os judeus impediu-o de fazer inteira justiça a um homem que sabia ser inocente. Decidiu, portanto, suspender o julgamento (Atos dos Apóstolos, p. 420-422.

Muitas vezes aqueles que por sua fé sofrem afrontas e perseguições são tentados a pensar que Deus os esqueceu. Aos olhos dos homens são a minoria. Segundo toda a aparência, os inimigos triunfarão sobre eles. Entretanto, não devem violentar a consciência. Aquele que por eles padeceu e suportou as suas aflições e cuidados, não os desamparou.

Os filhos de Deus não foram deixados sós e indefesos. A oração move o braço do Onipotente. As orações “venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, apagaram a força do fogo” – saberemos o que isto significa, quando ouvirmos o relato de mártires que morreram pela sua fé – “puseram em fuga os exércitos dos estranhos” (Hebreus 11:33, 34; Parábolas de Jesus, p. 173).

Todo o que neste dia mau se dispuser a servir a Deus com destemor, segundo os ditames da sua consciência, necessitará de coragem, firmeza e do conhecimento de Deus e da Sua Palavra; pois os que forem fiéis a Deus serão perseguidos, os seus motivos impugnados, desvirtuados os seus melhores esforços e os seus nomes repudiados como um mal. Satanás trabalhará com todo o seu poder enganador para influenciar o coração e obscurecer o entendimento, para que o mal pareça bem, e o bem mal (Vidas que Falam [MM 1971], p. 358).

Em todas as ocasiões em que existe perseguição, aqueles que a testemunham tomam decisões, seja a favor de Cristo, seja contra Ele. Os que manifestam simpatia pelos que são injustamente condenados, mostram o seu apego a Cristo. Outros se escandalizam porque os princípios da verdade ferem diretamente as suas práticas. Muitos tropeçam e caem, apostatando da fé que uma vez defenderam. Os que se retratam em tempo de prova, hão de, por amor da própria segurança, dar falso testemunho, e trair os seus irmãos. Cristo advertiu-nos disso, para que não ficássemos surpreendidos com a conduta desnatural, cruel, dos que rejeitam a luz (O Desejado de Todas as Nações, p. 630).