“Depois de Adão e Eva terem participado do fruto proibido, foram tomados de um senso de vergonha e terror. De início, seu pensamento era como se desculpar por seu pecado diante de Deus e escapar da temível sentença de morte. Quando o Senhor perguntou pelo seu pecado, Adão replicou colocando a culpa parcialmente em Deus e parcialmente em sua companheira: “A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi” (Génesis 3:12). A mulher, por sua vez, pôs a culpa sobre a serpente, dizendo: “A serpente me enganou, e eu comi” (Génesis 3:13). Por que o Senhor fez a serpente? Por que permitiu que ela penetrasse no Éden? Essas eram questões implícitas em sua desculpa pelo pecado, atribuindo assim a Deus a responsabilidade de sua queda. O espírito de justificação própria originou-se com o pai da mentira e foi manifestado por todos os filhos e filhas de Adão. Confissões desse tipo não são inspiradas pelo Divino Espírito e em nada aceitáveis a Deus. O verdadeiro arrependimento leva o homem a assumir a própria culpa e reconhecê-la sem fraude nem hipocrisia.” Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 637, 638
“A vida de Adão foi de um triste, humilde e contínuo arrependimento. Quando ensinava seus filhos e netos a temer o Senhor, era com frequência amargamente reprovado por seu pecado, de que resultara tanta miséria sobre sua posteridade. Quando deixou o belo Éden, o pensamento de que deveria morrer fazia-o estremecer de horror. Olhava para a morte como uma terrível calamidade. Foi primeiro familiarizado com a horrível realidade da morte na família humana, pelo seu próprio filho Caim ao matar seu irmão Abel. Cheio de amargo remorso por sua própria transgressão e privado de seu filho Abel, olhando Caim como um assassino, e conhecendo a maldição que Deus havia pronunciado sobre ele, o coração de Adão quebrantou-se de dor. Amargamente ele se reprovou por sua primeira grande transgressão. Suplicou o perdão de Deus mediante o Sacrifício prometido. Ele havia sentido profundamente a ira de Deus pelo crime cometido no Paraíso. Testemunhou a corrupção geral que mais tarde finalmente forçou Deus a destruir os habitantes da Terra por um dilúvio. A sentença de morte proferida sobre ele por seu Criador, que a princípio lhe pareceu tão terrível, depois que ele viveu algumas centenas de anos, parecia justa e misericordiosa em Deus, pois trazia o fim a uma vida miserável.
Ao testemunhar Adão os primeiros sinais da decadência da Natureza com o cair das folhas e o murchar das flores, chorou mais sentidamente do que os homens hoje choram os seus mortos. As flores murchas não eram a razão maior do desgosto, visto serem tenras e delicadas; mas as altaneiras, nobres e robustas árvores arremessando suas folhas e apodrecendo, apresentavam diante dele a dissolução geral da linda Natureza, que Deus havia criado para especial benefício do homem.” História da Redenção, p. 55