19.10.21

A Lição da História de Moisés (Lição 2 Completa)

Lição 2, 02 a 08 de Outubro


Sábado à tarde

VERSO ÁUREO: “e todos comeram de um mesmo manjar espiritual, e beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo.” 1 Coríntios 10:3, 4

LEITURAS DA SEMANA: Deuteronómio 1–3; Êxodo 32:29-32; Números 14; Efésios 3:10; Génesis 15:1-16; João 14:9

“Estas são as palavras que Moisés falou” (Deuteronómio 1:1). Assim começa o livro de Deuteronómio. Embora a presença de Moisés domine o livro, desde estas palavras até à sua morte na terra de Moabe (Deuteronómio 34:5), Deuteronómio (como toda a Bíblia) é sobre o Senhor Jesus. Ele é Aquele que nos criou (Génesis 1; 2; Jo 1:1-3), nos sustenta (Colossenses 1:15-17, Hebreus 1:3) e nos redime (Isaías 41:14, Tito 2:14). Num sentido mais amplo, este livro revela como o Senhor continuou a criar, sustentar e redimir o Seu povo neste momento crucial da história da salvação.

Quando os filhos de Israel estavam prestes a entrar em Canaã, Moisés deu-lhes uma lição de história, tema que se repete em toda a Bíblia: lembra-te do que o Senhor fez por ti no passado.

Devíamos atentar para este conselho, considerando que estamos nas fronteiras de uma terra prometida melhor: “Ao recapitular a nossa história passada, havendo revisado cada passo de progresso até ao nosso nível atual, posso dizer: Louvado seja Deus! Ao ver o que o Senhor tem efetuado, encho-me de admiração e de confiança na liderança de Cristo. Nada temos a temer quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e Seu ensino em nossa história passada.” — Life Sketches, 196 (Ellen G. White, Eventos Finais, p. 72).

Domingo, 03 de Outubro

O Ministério de Moisés

A presença de Moisés é sentida em toda a Bíblia. Embora não seja mencionado até Êxodo 2:2, ele escreveu o livro de Génesis, a história oficial sobre quem somos, como chegamos aqui, porque as coisas estão tão más e, ainda, porque podemos ter esperança. A criação, a queda, a promessa de redenção, o dilúvio, Abraão, o evangelho – todos têm as suas raízes em Génesis, e o seu autor foi o profeta Moisés. É difícil avaliar adequadamente a influência que este homem, mesmo longe de ser perfeito, foi capaz de exercer em nome de Deus, por amar o Senhor e querer servi-Lo.

1. Leia Êxodo 32:29-32. O que aprendemos sobre o carácter de Moisés? Apesar das falhas dele, porque é que o Senhor o pôde usar poderosamente?

Embora Moisés não tivesse nada a ver com o pecado no episódio descrito no texto, ele buscou interceder pelo povo pecador e estava disposto a perder até a sua própria salvação por ele. Em Êxodo 32:32, quando Moisés pediu a Deus que lhes perdoasse os pecados, o verbo utilizado significa “suportar”. O profeta, compreendendo a gravidade do pecado e o que era necessário para o expiar, pediu a Deus que “carregasse” o seu pecado. Esta é a única maneira através da qual um pecado pode ser perdoado.

Portanto, no início da Bíblia temos uma demonstração poderosa de substituição, na qual o próprio Deus, na pessoa de Jesus, suporta em Si mesmo o peso e a penalidade do nosso pecado – o caminho predeterminado por Deus para a salvação da humanidade enquanto esta permanece fiel aos princípios do Seu governo e da Sua lei.

Séculos mais tarde, Pedro escreveria sobre Jesus: “levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados” (1 Pedro 2:24).

Ao mesmo tempo, na sua reacção perante o pecado do povo vemos Moisés no papel de intercessor a favor de um povo caído e pecador, sendo precursor de Jesus, o nosso Intercessor (ver Hebreus 7:25).

Moisés estava disposto a perder a própria vida pelo povo? O que podemos aprender com esta atitude sobre amar verdadeiramente as pessoas?

Segunda-feira, 04 de Outubro

Profecia Cumprida

Apesar de alguns erros que a ciência moderna tenta promulgar como verdade (como o erro de que o universo surgiu de “absolutamente nada”, ou de que a vida na Terra surgiu do acaso), a ciência abriu caminhos para a compreensão do surpreendente poder criativo de Deus. A harmonia, o equilíbrio, a precisão de muitos aspectos do mundo natural, mesmo no seu estado decaído, continuam a surpreender.

Se Deus é tão preciso com as coisas físicas, certamente é perfeito com as espirituais. No início de Deuteronómio, podemos aprender mais sobre a incrível precisão divina.

2. Qual é o significado profético do facto de Deuteronómio 1:3 falar sobre o “ano quadragésimo”? Deuteronómio 1:1-6

O que aconteceu depois de Moisés enviar espias de Cades-Barneia para verificar a terra, e do povo rejeitar o chamado para a tomar? Foi-lhes dito que não entrariam na terra prometida como esperavam. Quanto tempo passaria até que pudessem entrar? “Segundo o número dos dias em que espiastes esta terra, quarenta dias, cada dia representando um ano, levareis sobre vós as vossas iniquidades quarenta anos e conhecereis o meu afastamento.” (Números 14:34).

Como resultado disto, Deuteronómio começa no quadragésimo ano. Ou seja, a palavra profética de Deus é tão confiável como o próprio Senhor, e nos versos iniciais deste livro vemos prova disso. Deus cumpre sempre a Sua palavra.

Este não é o único período de tempo profético que se cumpriu conforme Deus disse. Encontramos em Daniel 9:24-27, por exemplo, o período de tempo para o ministério de Jesus. Vemos que “um tempo, e tempos, e metade de um tempo” (Daniel 7:25; Apocalipse 12:6, 14; 13:5) foi cumprido na história, bem como os 2.300 dias (Daniel 8:14).

Além dos períodos precisos de tempo, as profecias de Daniel 2, 7, 8, que de forma tão certeira previram a história mundial, dão-nos provas esmagadoras da presciência, do controle e da confiabilidade divinos.

Podemos ver que o Senhor cumpriu fielmente as profecias passadas, assim como previu. Porque nos dá isto a certeza de que podemos confiar Nele e no que Ele disse que ainda irá acontecer?

Terça-feira, 05 de Outubro

Mil Vezes Mais Numerosos

Depois da longa jornada no deserto, o profeta Moisés (e podemos considerar que ele foi mais do que um profeta) disse em nome do Senhor: “Eis aqui esta terra, eu a dei diante de vós; entrai e possuí a terra que o Senhor jurou a vossos pais, Abraão, Isaque e Jacó, que a daria a eles e à sua semente depois deles” (Deuteronómio 1:8). Observe, entretanto, o que vem a seguir.

3. Leia Deuteronómio 1:9-11. Qual é o significado destas palavras, à luz do facto de que os israelitas foram punidos pela rebelião em Cades-Barneia?

Durante as peregrinações no deserto, eles foram abençoados pela graça: “Desse modo os sustentaste quarenta anos no deserto; falta nenhuma tiveram; as suas vestes não se envelheceram, e os seus pés não se incharam” (Neemias 9:21). E Moisés pediu a Deus que lhes multiplicasse mil vezes mais do que o Senhor já tinha feito!

4. Leia Deuteronómio 1:12-17. Em resultado da bênção divina sobre eles, o que aconteceu e o que fez Moisés para lidar com a situação?

Mesmo quando o Senhor estava presente entre eles, havia a necessidade de organização, de um sistema de prestação de contas. Israel era um qahal, uma congregação organizada (Deuteronómio 31:30), precursora da ekklesia do Novo Testamento, palavra grega para “igreja” (Mateus 16:18). Apesar de trabalhar num contexto diferente, Paulo nunca esteve longe das suas raízes judaicas. Em 1 Coríntios 12, ele delineou a necessidade de pessoas qualificadas para assumir papéis para o bom funcionamento do corpo, assim como vemos em Deuteronómio o qahal no deserto. A igreja no presente, assim como o qahal daquela época, precisa ser um corpo unificado com pessoas que desempenham vários papéis segundo os seus dons.

Apesar dos protestos de algumas pessoas contra a religião “organizada” (prefeririam a religião “desorganizada”?), a Bíblia, em especial o Novo Testamento, não reconhece outro tipo de igreja além da organizada.

Quarta-feira, 06 de Outubro

Cades-Barneia

Uma sombra paira sobre as primeiras partes de Deuteronómio: o relato de Cades-Barneia. Esta história infeliz definiu o primeiro cenário relatado no livro, e vale a pena recapitulá-la.

5. Leia Números 14. Como reagiu o povo ao relato dos espias e quais foram os resultados dessa reacção? (Leia também Deuteronómio 1:20-46.)

Podemos tirar muitas lições importantes desta história. Também pode ser encontrada outra boa lição de Deuteronómio em Números 14.

6. Leia Números 14:11-20. Embora Moisés intercedesse mais uma vez, qual foi o seu argumento para que o Senhor não destruísse o povo?

Pense no que Moisés disse a Deus: se fizeres isto, como aparecerás aos olhos dos egípcios e das outras nações? Este ponto é importante, pois tudo o que Deus queria fazer com Israel não era apenas para o bem deste povo, mas da humanidade. A nação de Israel deveria ser uma luz para o mundo, testemunha sobre o amor, o poder e a salvação encontrados em Deus, não nos ídolos sem valor.

Porém, como Moisés disse, se o Senhor acabasse com este povo, o que aconteceria? As nações diriam: “Visto que o Senhor não conseguiu fazer este povo entrar na terra que lhe prometeu com juramento, matou-os no deserto” (Números 14:16).

O relato contém um tema encontrado na Bíblia: Deus deve ser glorificado no Seu povo. A glória, a bondade, o amor e o poder divinos devem ser revelados na Sua igreja, pelo que Ele faz através do Seu povo. Nem sempre as pessoas tornam isto fácil, mas no final das contas Deus quer ser glorificado através das suas acções.

Leia Efésios 3:10. Como se manifesta a “multiforme sabedoria” de Deus no cosmos? Como indivíduos, que papel temos para que isto aconteça?

Quinta-feira, 07 de Outubro

A Iniquidade do Amorreu

Em Deuteronómio 2 e 3, Moisés continuou a recontar a história israelita e como, com a bênção divina, eles derrotaram os seus inimigos. Quando foram fiéis, Deus deu-lhes a vitória, mesmo sobre gigantes (Deuteronómio 2:11, 20; 3:13).

Isto traz à tona o incômodo assunto da destruição destas pessoas. Embora os filhos de Israel muitas vezes falassem primeiro de paz a uma nação (Deuteronómio 20:10, 11), se aquele povo não aceitasse a oferta, algumas vezes os israelitas o destruíam, incluindo mulheres e crianças. “E o Senhor, nosso Deus, no-lo deu diante de nós, e o ferimos, a ele, e a seus filhos, e a todo o seu povo. E, naquele tempo, tomamos todas as suas cidades e destruímos todas as cidades, e homens, e mulheres, e crianças; não deixamos a ninguém.” (Deuteronómio 2:33, 34).

Alguns tentam contornar isto dizendo que estas histórias não são verdadeiras. No entanto, por crermos que “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça” (2 Timóteo 3:16), essa não é uma opção viável para adventistas do sétimo dia.

7. Leia Génesis 15:1-16. O que disse Deus a Abraão em Génesis 15:16, e como é que isto esclarece este assunto difícil?

Não há dúvida de que muitas destas nações pagãs eram extremamente brutais e cruéis e, com razão, poderiam ter sofrido a ira e o castigo de Deus muito antes. Mesmo que Deus esperasse pacientemente que mudassem os seus caminhos, e eles não mudassem, isso ainda não altera a dura realidade sobre a morte de todos, incluindo crianças.

Por enquanto, dadas as informações limitadas sobre o contexto dos acontecimentos, aceitamos a realidade e confiamos na bondade divina, revelada de tantas outras maneiras. Fé não é apenas amar a Deus quando tudo está bem, mas é confiar Nele, apesar do que não entendemos totalmente.

Leia 1 Coríntios 10:1-4 e João 14:9. Como nos ajudam estes versos, e muitos outros semelhantes, a confiar no amor, na justiça e na bondade de Deus, mesmo diante de factos aparentemente tão contraditórios?

Sexta-feira, 08 de outubro

Estudo Adicional

Um erudito procura responder às perguntas sobre o que aconteceu com estas nações:

“Como Criador [...], Deus pode fazer o que quiser com as pessoas e estar certo.

“Os caminhos de Deus são mistérios. Nunca O entenderemos completamente. Por isso, não nos devemos preocupar com isto. Isaías 55:8, 9 pode servir de consolo.

“De acordo com a descrição bíblica, os cananeus eram extremamente perversos, e a sua aniquilação representou o juízo divino pelos seus pecados. A sua destruição não foi nem a primeira, nem a última que Deus consumou. As diferenças entre o destino dos cananeus e o destino da humanidade (excepto para a família de Noé), conforme descrito em Génesis 6–9, envolvem proporção e mediação.

“Deus nunca pretendeu que os israelitas praticassem a política do herem (destruição total) como uma política geral para os de fora. Deuteronómio 7:1 identifica e, portanto, delimita os povos-alvo. Os israelitas não deviam seguir estas políticas contra os arameus, edomitas, egípcios nem qualquer outra nação (cf. Deuteronómio 20:10-18).

“Os cananeus sofreram o destino que todos os pecadores enfrentarão: o juízo.”

“A eliminação dos cananeus foi um passo necessário na história da salvação.”

“Embora os cananeus fossem alvos do juízo, tiveram pelo menos quarenta anos de advertência prévia (ver a confissão de Raabe em Josué 2:8-11)”

Perguntas para consideração:

1. No milénio, as perguntas serão respondidas. Isto ajuda-nos a confiar em Deus?

2. O modo como Deus o guiou no passado ajuda-o a confiar Nele quanto ao futuro?

3. Seria correcto perder a vida para salvar o povo, sabendo do custo para a resgatar?