Jair Messias Bolsonaro foi eleito de forma clara e indiscutível como novo presidente do Brasil. Depois de meses de um combate político muito estranho e atípico, que também foi o reflexo dos novos tempos em que vivemos, Bolsonaro conseguiu uma larga vantagem de 11 milhões de votos sobre o outro candidato.
Durante os próximos dias, certamente irão multiplicar-se os comentários de especialistas e povo comum sobre esta eleição, tecendo as mais diversas opiniões, muito provavelmente em continuação daquilo que as três últimas semanas já nos trouxeram. Isso quer dizer que iremos continuar a ouvir acerca das esperanças e dos medos proporcionados pela nova situação política, sobre condições sociais, educação, segurança, etc..
No meio de tudo isso, a minha pergunta é: será que alguém vai tentar perceber e entender o verdadeiro pano de fundo de todos estes acontecimentos? Será que alguém irá atentar para a tela maior e não para o pontual traço que foi feito ou cor que foi acrescentada? Enquanto rapidamente se aproximam as últimas cenas do grande conflito na Terra, infelizmente muitos insistem em olhar e ficar mais preocupados com as circunstâncias voláteis, flexíveis e imprevisíveis da política e da sociedade à nossa volta, do que em estudar, analisar e perceber a Bíblia e a profecia, que são o verdadeiro e único guia seguro, o fundamento que traz sentido para todo o resto.
Não creio que a vitória de Bolsonaro seja um ato isolado. Pelo contrário, esta enorme mudança no Brasil aponta para a questão central: há uma tendência que se acentua cada vez mais de encontro ao cumprimento de uma mudança profética em termos de domínio, predominância e influência local e global. A questão não é Bolsonaro, tal como não é
Trump (EUA), não é
Salvini (Itália), não é
Órban (Hungria) nem será nenhum dos novos líderes que podem surgir em vários lugares, como quase foi o caso de Marine Le Pen (França).
Durante toda a campanha eleitoral brasileira, fomos identificando imensas semelhanças com o período que, em 2016, conduziu os Estados Unidos da América à vitória de Donald Trump – as críticas de conotação histórica (fascismo, supremacia branca e autoritarismo) dos opositores, as abundantes fake news (ferramenta tornada mais importante do que comícios, discursos e propostas), o desespero subsequente e a paranoica não-aceitação da realidade pelos derrotados, tudo isso obscureceu o entendimento para perceber que, em ambos os casos, foram desde logo os derrotados que elegeram os vencedores.
Explicando melhor: tanto nos EUA como no Brasil, uma grande e crescente parcela da população, mais próxima dos valores religiosos cristãos, estava (e está) silenciosamente cansada, farta e desgostosa com o severo ataque que as ideologias ateístas, secularistas, e anticristãs tinham vindo a produzir na sociedade. Desde a imoralidade e depravação sexual, o livre aborto, a destruição da família tradicional e o derrube da orientação judaico-cristã da sociedade, tudo contribuiu para que o copo da paciência do setor cristão ficasse a ponto de transbordar. O que faltava era apenas e só o surgimento de uma figura que encarnasse e representasse esse sentimento, que desse voz à maioria quase castrada pela ditadura do pensamento único que a ideologia de esquerda tinha vindo a implementar com pouca ou nenhuma oposição – eis aí, no lugar certo e no momento exato, as figuras de Trump e Bolsonaro. Eles nem precisaram esforçar-se muito, foi só crescer em cima do mal que estava feito pelos outros.
Pensa que isto é apenas e só puro desenvolvimento político? Não acredito nisso! Creio que tudo isto são somente as cenas, os episódios de um filme maior cujo argumento principal, o roteiro de base são as revelações proféticas contidas as Escrituras.
Contextualizando histórica e profeticamente, durante 1260 anos (de 538 a 1798), a Igreja Católica Romana (supostamente cristã) dominou o mundo ocidental de então como quis e bem lhe apeteceu, de uma forma déspota, tirânica e ditatorial. E foi devido a esta causa que acabou por surgir a reação materializada na revolução francesa (ateísta, secular) – fartos do domínio do papado, o povo da França não mais quis suportar os abusos e excessos da Igreja de Roma. Note que a reação certa, a que deveria ter havido e traria os melhores resultados, teria sido a adesão à reforma protestante; mas ao negar esse caminho, a França errou para o extremo oposto ao da religião papal: o ateísmo declarado.
Ellen White esclarece este assunto:
“Foi o papado que começara a obra que o ateísmo estava a completar: A política de Roma produzira aquelas condições sociais, políticas e religiosas, que estavam precipitando a França na ruína. Referindo-se aos horrores da Revolução, dizem escritores que esses excessos devem ser atribuídos ao trono e à igreja. Com estrita justiça devem ser atribuídos à igreja. O papado envenenara a mente dos reis contra a Reforma, como inimiga da coroa, elemento de discórdia que seria fatal à paz e harmonia da nação. Foi o gênio de Roma que por este meio inspirou a mais espantosa crueldade e mortificante opressão que procediam do trono.”
O Grande Conflito, p. 276.
“Quando Satanás agiu mediante a igreja de Roma a fim de desviar os homens da obediência, fê-lo ocultamente e com disfarce tal, que a degradação e a miséria resultantes nem foram vistas como sendo o fruto da transgressão. E seu poder foi tão grandemente contrabalançado pela operação do Espírito de Deus, que seus propósitos não lograram alcançar completa realização. O povo não ligava o efeito à causa, nem descobria a fonte de suas misérias. Na Revolução, porém, a lei de Deus foi abertamente posta de lado pelo Conselho Nacional. E no reinado do terror que se seguiu, todos puderam ver a operação de causa e efeito.”
O Grande Conflito, p. 285.
A partir daqui, o pensamento ateísta fortaleceu-se e consolidou-se em várias regiões do mundo: socialismo, comunismo, marxismo; sindicalismo; ativismo social, reivindicação de direitos sociais; evolucionismo ou ciência moderna, no sentido da rejeição de Deus, oposição ao criacionismo; ambientalismo; humanismo; ideologia de género, feminismo, homossexualismo; licenciosidade e liberalização do sexo, aborto, redefinição do casamento e alteração da definição de família, passaram a ser o padrão orientador de posturas e políticas.
Sendo esta a mentalidade que, em especial nas últimas décadas, têm prevalecido na sociedade e constituído a base de pensamento das pessoas, perguntamos: irá isto durar para sempre? Será que esta ideologia anticristã e antibíblica não será questionada e, porventura, derrotada?
Ellen White responde novamente:
“O que deverá impedir que o mundo se torne uma segunda Sodoma? Ao mesmo tempo a anarquia procura varrer todas as leis, não somente as divinas mas também as humanas. A centralização da riqueza e poder; vastas coligações para enriquecerem os poucos que nelas tomam parte, a expensas de muitos; as combinações entre as classes pobres para a defesa de seus interesses e reclamos, o espírito de desassossego, tumulto e matança; a disseminação mundial dos mesmos ensinos que ocasionaram a Revolução Francesa — tudo propende a envolver o mundo inteiro em uma luta semelhante àquela que convulsionou a França.”
Educação, p. 228.
Portanto, a pena inspirada revela que está prestes a acontecer uma convulsão idêntica àquela que ocorreu no tempo da revolução francesa.
Faça agora um paralelo: a revolução francesa surgiu porque uma larga faixa da população estava cansada e queria livrar-se do domínio papal; será que, atualmente, a tal “convulsão”, a “luta semelhante”, poderá ser um processo idêntico, mas inverso? Será que uma larga faixa da população está cansada, quer livrar-se do domínio da mentalidade ateísta, quer combater a destruição da família tradicional, quer defender a vida e por isso, assumindo-se pelo voto, começa a favorecer líderes de cunho cristão?
Creio que desde os Estados Unidos da América, logo seguidos por várias nações importantes no mundo, podemos estar a assistir ao início do cumprimento do final de
Daniel 11, onde o profeta anuncia:
“E, no fim do tempo, o rei do sul lutará com ele, e o rei do norte se levantará contra ele com carros, e com cavaleiros, e com muitos navios; e entrará nas suas terras e as inundará, e passará. … E estenderá a sua mão contra os países, e a terra do Egito não escapará. … E apoderar-se-á dos tesouros de ouro e de prata e de todas as coisas preciosas do Egito… ”
Daniel 11:40,
42, 43
O rei do sul deste texto (que é paralelo da besta que sobe do abismo de
Apocalipse 11:7) é, nesse período especifico da história, a revolução francesa (que Ellen White também associa profeticamente ao Egito) e os princípios ateístas, secularistas e anticristãos que assumiram preponderância no pensamento filosófico e político-social desde o final do século XVIII até hoje. O rei do norte é o papado romano (profética e ideologicamente associado ao poder político-religioso da Babilónia), apoiado agora pelo protestantismo apostatado que toma posição junto do poder papal.
Pois bem, este texto diz que o rei do sul lutaria contra o rei do norte (profecia cumprida em 1798 quando Berthier depôs o papa romano, terminando os 1260 anos de domínio papal), mas que haveria um contra-ataque, uma vingança, e o rei do norte “se levantará contra ele” (o rei do sul). Uma outra versão bíblica, “O Livro”, diz que “Chegando o tempo do fim, o rei do sul tornará a atacá-lo e o do norte reagirá com a violência e a fúria de um furacão.”
Agora pense: Trump é o presidente da maior potência mundial, os EUA (um dos atores principais nas últimas cenas da História); Bolsonaro será em breve o presidente da maior potência da América Latina; será apenas coincidência que Trump e Bolsonaro são apoiados principalmente pelo setor cristão da sociedade, desde pastores ao povo comum? Será apenas coincidência que Trump e Bolsonaro tenham ganho a presidência após terem derrotado clamorosamente poderes (ou partidos) com uma agenda nitidamente ateísta, secularista e anticristã?
Eu acredito que não. Estou convencido que podemos estar diante de factos histórico-proféticos que mostram a mão de Deus dirigindo os acontecimentos de tal forma que cumpram o que a Bíblia anuncia, no caso concreto, o final de
Daniel 11. Creio que estamos a experimentar aquilo que, inspirada pelo Espírito do Senhor, Ellen White anunciou que iria acontecer.
Para fortalecer, e olhando novamente para o quadro alargado, veja o seguinte: durante 1260 anos (538-1798), Satanás usou o poder papal (besta que sobe do mar de
Apocalipse 13 ou rei do norte de
Daniel 11:40) como a sua ferramenta principal. Em 1798, isso deixou de ser possível; então, desde aí, Satanás passou a usar principalmente o ateísmo e secularismo anticristãos (besta que sobe do abismo de
Apocalipse 11:7 ou rei do sul de
Daniel 11:40). Acontece que a Bíblia anuncia que o papado, a besta que sobe do mar, irá recuperar da ferida de morte (
Apocalipse 13:3) que sofreu em 1798, reassumindo o seu papel de ferramenta número um de Satanás, com a fachada, o rosto de valores religiosos cristãos. Assim sendo, nesse momento, para que é que ele, Satanás, precisará do ateísmo e secularismo? Para nada ou quase nada, e portanto pode descartá-lo sem problema.
Reforçando: este raciocínio de base bíblico-profética implica que em algum momento, as forças ideológicas da chamada esquerda política passarão para segundo plano ou até ainda menos relevante. Creio que podemos estar a testemunhar isso com os nossos próprios olhos.
Última nota: não esqueça de depois de
Daniel 11, o capítulo
12 começa com o fim do tempo da graça e a volta de Jesus. O tempo disponível pode não ser muito.