21.8.21

Livres Para Descansar (Lição Completa)

Lição 8, 14 a 20 de Agosto


Sábado à tarde

VERSO ÁUREO: “O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei?” Salmos 27:1

LEITURAS DA SEMANA: Marcos 2:1-12; 1 Reis 18; 1 Reis 19:1-8; Mateus 5:1-3; Isaías 53:4-6; 2 Reis 2:11

Muitas pessoas com quem Jesus Se deparou no Seu ministério terrestre estavam doentes, às vezes com doenças mortais. Elas amontoavam-se onde Ele estava há procura de cura e descanso para os seus sofrimentos. E era o que recebiam sempre. Às vezes, Ele dizia apenas uma palavra, e elas eram recuperadas. Ele tocava os enfermos e, milagrosamente, eles eram curados. Noutras ocasiões, Cristo despedia-os, e a cura acontecia enquanto eles iam pelo caminho. Jesus curou homens, mulheres, crianças, judeus, gentios, ricos e pobres. Casos de lepra e cegueira não estavam fora do Seu alcance. Ele até curou aqueles com o pior problema – a morte.

Nesta semana, vamos examinar dois exemplos muito diferentes de cura. No primeiro, o doente nem podia ir a Jesus sozinho. Os seus sintomas eram visíveis. No outro caso, não havia sintomas evidentes. Em ambos os casos, a cura veio no tempo e à maneira de Deus.

À medida que exploramos o assunto do descanso da dor e do sofrimento, contemplaremos uma questão que vivemos nalgum momento da vida. O que acontece quando as nossas orações pela cura não são atendidas? Como podemos encontrar descanso?

Domingo, 15 de Agosto

Descanso Que Cura

Se há um momento em que precisamos descansar, é quando estamos doentes. Precisamos de descanso físico para que o corpo recupere o sistema imunológico. Frequentemente precisamos também de descanso mental. Às vezes, a situação não envolve risco de morte, como uma constipação ou uma enxaqueca. Ficamos deitados e tentamos não pensar em tudo o que deveríamos fazer, mas simplesmente não conseguimos.

Às vezes, quando é algo potencialmente mortal, ficamos acordados e preocupados com os resultados dos exames médicos. Muitas vezes, perguntamos porquê. Será que aquele estilo de vida pouco saudável nos afectou finalmente? Foram as drogas que usamos há 20 anos? Talvez o peso a mais que temos nos últimos anos? Estaria Deus a punie-nos por aquele pecado secreto que mais ninguém conhece?

1. O que aconteceu no episódio relatado em Marcos 2:1-4?

No livro O Desejado de Todas as Nações (p. 267-271), obtemos o contexto da história. O paralítico tinha feito coisas das quais não se orgulhava. A sua vida pecaminosa tinha causado a doença, e os “especialistas espirituais” traçavam uma linha directa entre causa e efeito. Aquele homem tinha trazido a doença sobre si por causa dos seus pecados, e não havia cura para ele.

Essa atitude é típica. Muitas vezes parecemos obcecados com o responsável pelo acto. Se algum crime é cometido, alguém deve pagar por ele. Se houver um acidente em algum lugar, alguém deve ser processado. Mas atribuir culpas não traz cura nem restauração ao enfermo.

O plano de Deus não incluía doença e sofrimento, que vieram com o pecado. Por isso, Deus deu-nos orientações de saúde para que tenhamos qualidade de vida. Mas enquanto vivermos neste mundo, não haverá garantia de saúde, mesmo seguindo os princípios saudáveis.

A boa notícia é que Deus nos pode dar descanso, quer estejamos doentes ou saudáveis; quer a nossa doença seja resultado das nossas acções, da negligência de outros, dos nossos genes, ou apenas o subproduto da vida neste mundo pecaminoso. Deus sabe como nos dar descanso.

Quando alguém adoece, não é bom atribuir culpas. Ao mesmo tempo, porque entender a causa da doença pode ser, em alguns casos, um passo essencial para a cura e recuperação?

Segunda-feira, 16 de Agosto

Tratar A Raiz Do Problema

Alguns homens tinham descido o leito do paralítico à presença de Jesus, e todos olhavam para o Mestre. Curaria Ele um evidente pecador e repreenderia a enfermidade?

2. Qual foi a primeira coisa que Cristo fez pelo paralítico? Como é que Jesus o curou? Mc 2:5-12

Muitas vezes não estamos cientes da doença até percebermos os sintomas, pois costumamos pensar na doença apenas como sintomas. Pensamos que livrar-nos dos sintomas significa a cura. Jesus trata a enfermidade de maneira diferente. Ele conhece a origem de todo o sofrimento e toda a doença e quer tratar primeiro essa origem.

No caso do paralítico, em vez de tratar imediatamente os efeitos da doença, Jesus foi directamente à origem do que mais incomodava o homem. O paralítico sentia o peso da culpa e separação de Deus mais severamente do que a sua doença. Uma pessoa que obtém descanso em Deus é capaz de suportar qualquer sofrimento físico. Por isso, Jesus foi directamente à origem e ofereceu primeiro o perdão.

Os líderes religiosos ficaram chocados ao ouvir Jesus pronunciar o perdão. Em resposta às suas acusações silenciosas, Jesus fez-lhes uma pergunta.

3. Como é que Jesus provocou os escribas? Com que problema estava Ele a lidar? Marcos 2:8, 9

Muitas vezes, as pessoas falam e não fazem, mas quando Deus fala, as coisas acontecem. Pela poderosa palavra de Deus, tudo passou a existir (Génesis 1). Embora não possamos ver o perdão, ele é caro, pois custou a vida do Filho de Deus na cruz. Tudo o resto é secundário. Para demonstrar o poder e a realidade do perdão, Jesus decidiu curar o paralítico.

Deus deseja curar-nos primeiro por dentro. Às vezes Ele traz-nos cura física imediata, como aconteceu com o paralítico, ou teremos que esperar pela manhã da ressurreição para experimentar a cura. Seja como for, o Salvador deseja que descansemos na certeza do Seu amor, graça e perdão hoje, mesmo no meio do sofrimento.

Podemos obter descanso e paz, mesmo quando as orações pela cura não são logo atendidas?

Terça-feira, 17 de Agosto

Fuga

Com base em dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença mais comum no mundo, que afecta mais de trezentos milhões de pessoas por ano, nem sempre apresenta sintomas evidentes. A depressão é a principal causa de incapacidade em todo o mundo e é uma das que mais contribuem para o estudo sobre a carga global de doenças. Infelizmente, muitas vezes não se fala em depressão no cristianismo porque ela pode ser vista como sinal de falta de fé. Afinal, os cristãos não deviam estar sempre alegres e felizes? Não seria a depressão sinal de que está algo mal no nosso relacionamento com Deus?

Isto não é verdade. Cristãos fiéis às vezes lutam contra a depressão, especialmente depois de um acontecimento traumático, e isto não é sinal de falta de fé e confiança em Deus. Nos Salmos, vemos a dor, o sofrimento e a angústia que os fiéis de Deus sofreram.

Às vezes, a depressão toma conta de nós de modo lento e silencioso, e só a reconhecemos quando ela se intensifica. Ela atinge-nos rapidamente, depois de um evento emocional ou físico desgastante. Elias ficou completamente esgotado, emocional e fisicamente, depois do episódio no Monte Carmelo.

4. Elias viu o fogo de Deus descer do Céu. Em resposta à sua oração, a chuva caiu depois de três anos. Porque fugiu Elias diante da ameaça de Jezabel? 1 Reis 18; 19:1-5

Elias tinha tido um dia exaustivo. Esta experiência junto com uma ameaça de morte serviram de gatilho para a depressão. Além disso, Elias esteve presente quando cerca de 850 profetas de Baal foram massacrados, talvez alguns deles pelas suas próprias mãos (1 Reis 18:40). Um evento como este, mesmo por uma causa justa, pode levar a um stress pós-traumático para aqueles que o assistem ou, pior ainda, participam dele.

Então Elias começou a correr, tentando fugir. Às vezes corremos para o frigorifico e tentamos ficar felizes através da comida; tentamos acabar com a exaustão emocional dormindo; procuramos um novo relacionamento, emprego ou lugar. E às vezes ficamos atolamos no trabalho, prazos e compromissos, ao nos esforçarmos para fugir de algo inominável que drena a nossa alegria e descanso. As pessoas tentam encontrar alguma solução para amenizar a dor. Porém, estas coisas apenas mascaram os sintomas; elas não resolvem o problema e, muitas vezes, podem torná-lo ainda pior.

Quarta-feira, 18 de Agosto

Cansado Demais Para Fugir

Elias estava cansado demais para continuar a fugir. Então, ele orou novamente. Esta oração foi muito diferente da oração repleta de fé que Deus tinha respondido no Monte Carmelo (1 Reis 18:36, 37) diante dos sacerdotes e profetas de Baal, dos membros da corte e do povo. Esta foi uma oração simples e curta, de desespero.

5. Elias afirmou que ele não era melhor do que os seus pais. Do que estava ele a falar? 1 Reis 19:4

Quando Elias se acalmou, foi tomado pela culpa. Percebeu que a sua saída rápida tinha desperdiçado o que teria sido a oportunidade para reforma em Israel. Percebeu que tinha decepcionado os que precisavam dele. E ele não podia fazer nada a respeito disso. Numa dolorosa autorreflexão, conhecendo a história de Israel, ele viu-se como era realmente.

A revelação de quem nós somos é dolorosa. Devemos ser gratos pela promessa de que, embora sejamos pecadores, em Cristo Deus nos verá como Ele vê Jesus! Existe esperança maior do que saber que, pela fé, podemos reivindicar a justiça de Cristo? (Filipenses 3:9)

No entanto, a depressão consegue sugar-nos para um redemoinho sombrio de aversão a nós mesmos. E às vezes começamos a pensar que a morte é a única saída. Este parece ter sido o caso de Elias. Tudo aquilo era demais para ele. Ele disse: “Basta, Senhor! Tira a minha vida, porque eu não sou melhor do que os meus pais” (1 Reis 19:4).

A boa notícia é que o grande Médico não condenou Elias. Deus entende melhor do que nós o que enfrentamos quando lutamos contra a depressão. “Pode ser que não tenhamos provas fortes, neste momento, de que o nosso Redentor inclina o rosto sobre nós em compaixão e amor, mas é isto que acontece. Podemos não sentir o Seu toque visível, mas a Sua mão compassiva e amorosa está sobre nós” (Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 97).

Deus sabe e entende que “a viagem será longa” (1 Reis 19:7) para nós, mas às vezes Ele tem que esperar até que paremos de fugir. Então Ele pode intervir.

Pessoas que se estão a afogar ficam tão confusas que lutam contra o salva-vidas. Nestes casos, o salva-vidas deve recuar e esperar que a vítima fique inconsciente para realizar o resgate.

Que esperança encontramos nos seguintes textos? Salmos 34:18; Mateus 5:1-3; Salmos 73:26; Isaías 53:4-6

Quinta-feira, 19 de Agosto

Descanso E Mais

Deus sabia que aquela fuga tinha deixado Elias cansado e que, mais do que fisicamente cansado, Elias estava emocionalmente exausto e carregava um tremendo fardo de culpa. Como Jesus fez ao paralítico, Deus apagou os erros passados e deu descanso a Elias. Finalmente, ele pôde dormir e ser revigorado. A nossa expectativa é que este teria sido o fim da história, mas não foi. O descanso de Deus não é um evento único. Entrar no descanso de Deus tem a ver com cura – com desaprender lentamente padrões de pensamento negativos e hábitos destrutivos. Deus não apressa a cura.

6. Leia 1 Reis 19:5-8. Para onde foi agora Elias? Porquê?

Depois do descanso, Elias correu outra vez. Mas desta vez Deus reorientou a sua direcção. Deus entende que a vida neste mundo causa depressão. Ele compreende o nosso impulso de correr e fugir, mas deseja redireccionar os nossos passos. Em vez de tentar todos os mecanismos autodestrutivos de enfrentamento, Ele quer que corramos para Ele. Quando o fazemos, Ele deseja ensinar-nos a ouvir “uma voz mansa e delicada.” (1 Reis 19:12) que nos dará descanso.

Elias não tinha energia para percorrer a jornada ao encontro de Deus. O Senhor concedeu a energia ao profeta e prometeu um futuro melhor. Enquanto Elias estava deitado debaixo de um zimbro, desejando morrer, acreditava que os seus melhores dias tinham acabado.

7. Leia 1 Reis 19:15, 16 e 2 Reis 2:11. O que estava ainda reservado para Elias?

Deus sabia que dias melhores estavam por vir para Elias. A cura viria para o profeta quando ele aprendesse a regular a sua vida pelo ritmo de Deus e aceitasse o Seu descanso. Ainda havia reis a ser ungidos e um sucessor a ser escolhido. Deus já sabia de Eliseu, que se tornaria tão próximo de Elias como um filho e que, pela fé, Elias voltaria a invocar fogo do Céu (2 Reis 1:10). Para Elias, não haveria morte desesperada debaixo de um zimbro, mas, em vez disso, uma carruagem de fogo rumo ao descanso celestial.

O que ensina a vida de Elias sobre a actuação de Deus e a perseverança diante dos problemas?

Sexta-feira, 20 de Agosto

Estudo Adicional

“Com a contínua mudança de circunstâncias, vêm mudanças também em nossa experiência; e por essas mudanças ficamos frustrados ou deprimidos. Mas a mudança de circunstâncias não tem poder para mudar a relação de Deus para conosco. Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente; e pede-nos que tenhamos incondicional confiança em Seu amor.” Nos Lugares Celestiais, p. 120

“Continuem olhando para Jesus, fazendo, com fé, orações silenciosas, apoderando-se da força de Deus, quer tenham manifestos sentimentos, quer não. Avancem resolutos, como se cada uma das orações feitas tivesse sido acolhida pelo trono de Deus e atendida por Aquele cujas promessas não falham jamais. Prossigam no caminho, cantando e salmodiando a Deus em vosso coração, mesmo quando oprimidos por uma sensação de peso e tristeza. Digo-lhes como alguém que sabe: virá a luz, a alegria será nosso quinhão, e as névoas e nuvens serão espancadas. E passamos do poder opressor das sombras e trevas para a clara luz de Sua presença.” Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 242, 243

Perguntas para consideração:

1. É difícil ajudar os que sofrem de transtornos mentais ou depressão. Qual seria uma boa estratégia para a sua igreja aprender a ministrar de modo eficaz a pessoas com depressão?

2. Os autores bíblicos foram abertos e honestos perante Deus. Como podemos promover uma atmosfera de abertura e honestidade na nossa congregação?

3. É difícil orar quando temos depressão. Há poder na oração pelos que não conseguem orar?

4. Porque é importante lembrar que a fé não é um sentimento? Se estamos deprimidos, desanimados e preocupados não significa que não tenhamos fé em Deus, mas que, naquele momento, estamos com estes problemas, como todos já estivemos em alguma ocasião. Nestes momentos, é importante apegar-se a Deus com fé, mesmo que isto pareça difícil?

5. Vemos esperança no relato do paralítico, especialmente se o pecado nos trouxe doença?