Uma celebração ecuménica reuniu representantes das comunidades cristãs de Portugal, esta sexta-feira, na Igreja Ortodoxa Russa no Porto, encerrando a semana anual de oração pela unidade. Inserida na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2019, a celebração foi de âmbito diocesano e nacional.
“Há uma sintonia completa com a vontade da Igreja Católica e outras confissões religiosas cristãs, que é fazer união dos espíritos a partir da mesma oração e do mesmo serviço”, disse D. Manuel Linda à Agência Ecclesia. (…)
O reverendo Sérgio Alves, da Igreja Lusitana – Comunhão Anglicana, destacou que movimento ecuménico “é muito importante” e “nasce da própria pessoa viva de Jesus Cristo”, quando “orou ao Pai para que todos sejam”. Membro da Comissão Ecuménica do Porto, o responsável explicou que as Igrejas se encontram para “juntas pedir ao Senhor pela unidade que Ele deseja”, e com a ajuda do Espírito Santo “encontrar novos caminhos de cooperação e de concretização da missão, que cada vez mais é chamada a ser feita em conjunto”.
O padre Alexander Piskunov, da Igreja Ortodoxa, observou que “é importante” esta relação porque “é humano ter interesse pelos outros, pelo seu culto e tradições“. A paróquia da Igreja Ortodoxa Russa está no Porto há 15 anos e os seus membros mostram-se “muito felizes” por ter um “local para o culto”, uma “linda capela” cedida pela Diocese do Porto. “Para mim é também um dos sinais mais importantes de que somos uma família de cristãos; as separações que existem são algo triste, porque Cristo nos deu o seu corpo que é a sua Igreja”, acrescentou Alexander Piskunov.
O bispo do Porto considerou tema “muito polifónico”, por ser abordado em várias perspetivas, mas “interessa, fundamentalmente” a dimensão de “tornar justa a realidade da vida”. “De nos relacionarmos uns com os outros neste contexto do que deve ser a justiça e, inclusivamente, voltada para uma questão que é a justiça económica. Mal de nós, como religiosos, como pessoas que dizemos que temos preocupação pelos outros, se não fizermos obra conjunta de reabilitação daqueles que estejam menos promovidos”, desenvolveu.
Segundo D. Manuel Linda, para que a unidade seja ainda mais efetiva é necessário “desarmadilhar potenciais de violência” que existem entre as pessoas. “Quando nos encontramos, quando convivemos, quando comemos à mesma mesa e, fundamentalmente, quando rezamos, estamos a retirar esse potencial de violência que existe em todos e também nas pessoas religiosas”, realçou o bispo do Porto.” Fonte: Agência Ecclesia
Nota: quando tratamos de questões ecuménicas, normalmente estamos atentos às movimentações que surgem dos grandes centros de influência, como sejam a Santa Sé em Roma e as organizações cristãs internacionais, desde a Europa aos Estados Unidos. Contudo, por este exemplo podemos perceber que o pensamento ecuménico atinge certamente as bases das igrejas cristãs, as comunidades locais que absorvem na prática essa cultura e a transformam paulatinamente num estilo de vida.
Portanto, não será de surpreender que uma união real e concreta ao mais alto nível, fácil e rapidamente seja adotada pelas variadas igrejas em todos os seus níveis. O que, entre outras efeitos, dará mais visibilidade aos “dissidentes”…
Publicado por Filipe Reis em O Tempo Final.