Domingo, 21 de Julho
Como já observamos, Deus vê e ouve as pessoas em aflição e dificuldade. Na maioria das vezes, nos Salmos, vemos o clamor de pessoas que confiavam em Deus, mas não viam a justiça a ser feita. As afirmações sobre a bondade, a justiça e o poder de Deus pareciam sufocadas diante da injustiça e opressão vividas e observadas pelas vozes destes cânticos.
No entanto, estes são os hinos dos que ainda estavam a cantar. Nem a sua vida nem a sua fé se tinham extinguido. Ainda havia esperança; e a urgência era que Deus agisse antes que fosse tarde demais, antes que o mal triunfasse, antes que os oprimidos fossem destruídos pelo peso do mal trazido contra eles. Desta maneira, os escritores dos Salmos tentaram preencher a lacuna entre as declarações da sua fé e as provações e tragédias da vida.
1. Leia Salmos 9:7-9, 13-20. Com base no texto, imagina as circunstâncias em que Davi estava? Pode sentir a tensão entre a sua fé na bondade de Deus e a sua experiência? Como fica a sua fé no meio das provações?
Ao longo dos Salmos, a repetida resposta a esta tensão é a esperança e a promessa do bom e justo juízo de Deus. O mal e a injustiça parecem triunfar por enquanto, mas Deus julgará os malfeitores e os injustos. Eles serão punidos, enquanto os que eles feriram e oprimiram serão restaurados e renovados.
Na obra “Lendo os Salmos”, C. S. Lewis descreveu a sua surpresa inicial com o entusiasmo e o anseio pelo juízo de Deus expressados repetidamente nos Salmos. Observando que muitos leitores da Bíblia hoje consideram o juízo como algo a ser temido, ele considerou a perspectiva judaica original e escreveu: “Centenas e milhares de pessoas que foram despojadas de tudo o que possuíam e que tinham o direito inteiramente ao seu lado seriam, por fim, ouvidas. É claro que elas não temiam o juízo. Sabiam que o seu caso era inquestionável – desde que conseguissem ser ouvidas. Quando Deus viesse, a sua causa, por fim, seria julgada” (C. S. Lewis, Lendo os Salmos
[Viçosa, MG: Editora Ultimato, 2015], p. 19).
Nos Salmos, vemos esperança para os oprimidos, mesmo agora, no meio dos seus sofrimentos e decepções.
Que razões temos para considerar a ideia do juízo uma coisa positiva e não algo a ser temido?