Segunda-feira, 15 de Julho
Duas razões para o Sábado
2. Leia Êxodo 20:8-11 e Deuteronómio 5:12-15. Como se complementam estas duas versões do quarto mandamento?
O ato de “lembrar” é uma parte importante do relacionamento que Deus busca restabelecer com o Seu povo – um relacionamento centrado no facto de que Ele é o nosso Criador e Redentor. Ambas as funções aparecem nas duas versões bíblicas, o quarto mandamento define o porquê, o como e quem está envolvido na lembrança do Sábado.
Ao saírem de uma terra dominada por tantos deuses falsos, os israelitas precisavam ser lembrados da função do verdadeiro Deus como Criador. O Sábado era uma forma crucial de fazer isso e tornou-se ainda mais significativo no contexto do ciclo semanal de provisão extra de maná às sextas-feiras, um poderoso exemplo do Seu poder criador. Deus, como Criador, é revelado mais claramente na versão do quarto mandamento apresentada em Êxodo 20.
Em contrapartida, o resgate, a redenção e a salvação do povo são o foco do quarto mandamento em Deuteronômio 5. Os israelitas deviam recontar regularmente esta história de salvação; eles podiam reconectar-se com ela especialmente a cada Sábado. A sua história tratava, em primeiro lugar, de um resgate real e físico da escravidão no Egito; contudo, à medida que a sua compreensão de Deus e da salvação se desenvolvesse, o Sábado também se tornaria um símbolo e celebração semanal da sua salvação espiritual.
Ambas as motivações para a guarda do Sábado tratavam da restauração do relacionamento entre Deus e o Seu povo: “Também lhes dei os Meus sábados, para servirem de sinal entre Mim e eles, para que soubessem que Eu Sou o Senhor que os santifica” (Ezequiel 20:12). E, como vimos, a questão nunca foi apenas a respeito deste grupo de pessoas. Fundamentados neste relacionamento, os israelitas deviam estabelecer uma nova sociedade que fosse bondosa com os estrangeiros e uma bênção para o resto do mundo.
“O Senhor, teu Deus, te tirou dali com mão poderosa e braço estendido; pelo que o Senhor, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de Sábado” (Deuteronómio 5:15). Ao guardarmos o Sábado como uma forma de lembrar e celebrar a nossa criação e redenção, podemos continuar a crescer no nosso relacionamento não apenas com o Senhor, mas com aqueles que nos rodeiam. Deus é bondoso connosco; portanto, devemos ser amáveis para com os outros.
A guarda do Sábado torna-nos pessoas melhores, mais gentis, mais atenciosas e compassivas?
Terça-feira, 16 de Julho
Um dia de igualdade
Uma leitura rápida dos Dez Mandamentos em Êxodo 20 e Deuteronómio 5 torna evidente que o quarto mandamento é o mais detalhado. Enquanto alguns mandamentos são registrados em apenas duas palavras em algumas versões bíblicas, o quarto mandamento define o porquê, o como e quem está envolvido na lembrança do Sábado.
3. Leia Êxodo 20:8-11. O que diz o texto sobre os servos, estrangeiros e animais? O que significa isto?
Entre estes detalhes sobre o Sábado, é notável o foco nas outras pessoas e criaturas. Sigve K. Tonstad argumentou que este tipo de ordem é singular entre todas as culturas do mundo. O mandamento do Sábado, explicou ele, “prioriza de baixo para cima e não de cima para baixo, considerando primeiro os mais fracos e mais vulneráveis da sociedade. Os que mais necessitavam de descanso – o escravo, o estrangeiro e o animal de carga – foram mencionados de maneira especial. No descanso do Sétimo Dia, os desfavorecidos, e até os animais mudos, encontram um aliado” (The Lost Meaning of the Seventh Day [Michigan: Andrews University Press, 2009, p. 126, 127).
O mandamento tem um foco especial na recomendação de que o Sábado seja desfrutado por todos. À luz do Sábado, somos iguais. Se é um empregador, não tem autoridade para fazer os seus empregados trabalharem neste dia, pois Deus também lhes deu o descanso. Se é empregado – ou mesmo escravo – o Sábado será um lembrete de que foi igualmente criado e redimido por Deus e Ele convida-o a celebrar este facto de maneira diferente das suas obrigações habituais. Mesmo os estrangeiros que residem entre o povo guardador do Sábado, “os estrangeiros que morarem nas tuas cidades” (Êxodo 20:10), devem beneficiar-se do Sábado.
Esta ideia representa uma notável mudança de perspectiva para os israelitas, que tinham acabado de sair da escravidão e marginalização. Ao se estabelecerem na nova terra, Deus não desejava que eles adotassem os hábitos dos seus antigos opressores. Além de lhes conceder leis detalhadas para a sua sociedade, o Senhor concedeu-lhes (e a nós), de uma forma poderosa, um lembrete semanal de que todos somos iguais diante de Deus.
Como pode partilhar o Sábado na sua comunidade de modo que os outros também se beneficiem deste dia?
Quarta-feira, 17 de Julho
Um dia de cura
Embora a visão original do Sábado e da sua observância seja ampla e inclusiva, o Sábado tornou-se algo bem diferente para muitos líderes religiosos na época em que Jesus veio à Terra. Em vez de um dia de liberdade e igualdade, o Sábado tornou-se um dia de restrições e regras humanas e tradicionais. Nos Seus dias, Jesus opôs-Se a estas atitudes, especialmente quando elas eram impostas aos outros.
É interessante que Ele tenha feito isto de maneira mais significativa ao realizar diversas curas no Sábado. Parece que Jesus realizou milagres intencionalmente nesse dia, e não em qualquer outro, para demonstrar algo importante sobre o que o Sábado devia ser. Muitas vezes Jesus comentou que a cura neste dia era apropriada, e os fariseus usavam as Suas declarações como desculpa para promover conspirações para O matar.
4. Leia as histórias sobre as curas de Jesus no Sábado. Quais são as coisas mais significativas nestes relatos? Mateus 12:9-13; Marcos 1:21-26; 3:1-6; João 9:1-16
Jesus confirmou que o Sábado é importante. Precisamos mantê-lo especial e permitir que este tempo semanal seja uma oportunidade para crescermos no nosso relacionamento com Deus, com a nossa família, igreja e comunidade. Mas a guarda do Sábado não deve estar relacionada apenas com os nossos interesses egoístas. Como Jesus disse: “É lícito, nos Sábados, fazer o bem” (Mateus 12:12).
Muitos membros da igreja fazem um bom trabalho ao cuidar das outras pessoas. Mas também sentimos que devemos fazer mais para ajudar. Sabemos que Deus Se importa com os sofredores, oprimidos e abandonados e que devemos importar-nos também. Visto que somos ordenados a não fazer o nosso trabalho regular e ficamos livres das pressões da semana, no Sábado temos tempo para concentrar-nos nas outras pessoas como uma das formas de guardar este dia de modo verdadeiro e ativo: “De acordo com o quarto mandamento, o Sábado foi dedicado ao repouso e ao culto religioso. Toda a atividade secular devia ser suspensa, mas as obras de misericórdia e beneficência estavam em harmonia com o propósito do Senhor. [...] Aliviar os aflitos e confortar os tristes é um trabalho de amor que presta honra ao dia de Deus” (Ellen G. White, Beneficência Social, p. 77).
O que faz para beneficiar os outros no Sábado?
Quinta-feira, 18 de Julho
Descanso sabático para a terra
Como vimos, o Sábado era uma parte enraizada no ciclo da vida da nação israelita. Mas o princípio do Sábado não se referia apenas a um dia a cada semana. Ele também incluía um descanso especial a cada sétimo ano, culminando no ano do jubileu depois de sete séries de sete anos, ou seja, a cada 50 anos.
5. Leia Levítico 25:1-7. O que é marcante nesta instrução? De que maneiras pode incorporar este princípio na sua vida e trabalho?
O ano sabático permitia que a terra agrícola permanecesse em repouso durante o ano. É um extraordinário ato de administração do solo, e a sabedoria desta prática agrícola tem sido amplamente reconhecida.
O sétimo ano também era importante para os escravos (veja Êxodo 21:1-11). No caso de um israelita ficar tão endividado a ponto de se vender como escravo, ele seria libertado no sétimo ano. Da mesma forma, as dívidas pendentes deviam ser canceladas no final do sétimo ano (veja Deuteronómio 15:1-11).
Como acontecia no tempo do maná concedido por Deus aos israelitas no deserto, não plantar durante um período era um ato de confiança de que Deus proveria o suficiente no ano anterior e a partir daquilo que a terra produzisse por si mesma no ano sabático. De forma semelhante, libertar escravos e cancelar dívidas era um ato de misericórdia, mas também um ato de confiança no poder de Deus para suprir as necessidades deles. De certa maneira, as pessoas precisavam descobrir que não precisavam oprimir os outros para se sustentarem.
Os princípios e o modelo do Sábado deveriam estar intimamente ligados à estrutura da sociedade israelita como um todo. De forma semelhante, a guarda do Sábado contemporânea deve ser uma disciplina espiritual que transforme todos os nossos outros dias. Em sentido prático, o Sábado é uma forma de viver as instruções de Jesus de buscar primeiro
“o Seu reino e a Sua justiça”. Ele disse: “Vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas” essas coisas, e elas “vos serão acrescentadas” (Mateus 6:32, 33).
Que diferença deve fazer a guarda do Sábado para os outros seis dias da semana? Afinal, se alguém é ganancioso, egoísta e insensível de domingo a sexta-feira, é possível ser diferente no Sábado? O que precisamos mudar para que a nossa semana seja mais parecida com o espírito do sábado?
Sexta-feira, 19 de Julho
Estudo adicional
Textos de Ellen G. White: Patriarcas e Profetas, p. 295-297 (“Do Mar Vermelho ao Sinai”); O Desejado de Todas as Nações, p. 281-289 (“O Sábado”); texto de Sigve K. Tonstad: The Lost Meaning of the Seventh Day [O Significado Perdido do Sábado], p. 125-143 (“The Social Conscience of the Seventh Day [A Consciência Social do Sétimo Dia]).
“Jesus asseverou-lhe que a obra de aliviar os aflitos estava em harmonia com a lei do Sábado. Estava em harmonia com os anjos de Deus que estão sempre descendo e subindo entre o Céu e a Terra para servir à humanidade sofredora. [...]
“E o homem também tem nesse dia uma obra a realizar. Devem-se atender às necessidades da vida, cuidar dos doentes, suprir as faltas dos necessitados. Não será tido por inocente o que negligenciar aliviar o sofrimento no Sábado. O santo dia de repouso de Deus foi feito para o homem, e os atos de misericórdia acham-se em perfeita harmonia com o seu desígnio. Deus não deseja que as Suas criaturas sofram uma hora de dor que possa ser aliviada no Sábado ou noutro dia qualquer.” Ellen G. White,
O Desejado de Todas as Nações, p. 206, 207
Perguntas para discussão
1. De que maneira tem vivido o Sábado como demonstração de confiança em Deus? Já teve uma experiência como a do maná, em que Deus providenciou o sustento em resposta à sua fé?
2. No quarto mandamento (Êxodo 20:8-11; Deuteronómio 5:12-15), Deus enfatizou diferentes aspectos do Sábado. Qual deles aprecia mais?
3. Como podemos partilhar as bênçãos do Sábado com a nossa comunidade?
4. Em que área da sua vida os padrões e princípios do Sábado deviam ter um impacto maior?
Resumo: Deus concedeu o Sábado como uma lembrança da criação e da redenção, mas ele também nos ensina a confiar na provisão de Deus e a promover a igualdade; e pode tornar-se uma disciplina espiritual capaz de transformar todos os nossos relacionamentos. Jesus demonstrou o Seu ideal para o Sábado tornando-o um dia para beneficiar os necessitados.