“O amor de Elcana por [Ana] era profundo e imutável; no entanto, uma nuvem sombreava a sua felicidade doméstica. O lar não era alegrado com vozes infantis. Por fim, o forte desejo de perpetuar o seu nome levou o esposo, como já tinha levado muitos outros, a adotar um curso que Deus não sancionou – o de introduzir na família uma segunda esposa, que seria subordinada à primeira. Este ato foi motivado pela falta de fé em Deus e foi acompanhado de maus resultados. A paz da família, até então unida e harmoniosa, foi interrompida. Sobre Ana, o golpe caiu com um peso esmagador. Parecia que toda a felicidade tinha sido varrida da sua vida para sempre. Ela suportou as suas provações sem reclamar, no entanto, nem por isso o seu sofrimento era menos agudo e amargo. […]
Com o passar dos anos, e filhos e filhas foram acrescentados à casa, [Penina] tornou-se orgulhosa e cheia de si, e tratava [Ana] com desprezo e arrogância. […]
Para Ana, o comportamento desta mulher era uma provação quase impossível de suportar. Satanás empregou-a como o seu agente para atormentar e, se possível, exasperar e destruir um dos fiéis filhos de Deus. Finalmente, quando as provocações da sua inimiga se repetiram numa das festas anuais, a coragem e a resistência de Ana cederam. Incapaz de esconder os seus sentimentos por mais tempo, chorou sem constrangimento. As expressões de alegria em cada mão lhe pareciam uma zombaria. Ela não podia participar da festa. […]
Ana não proferiu nenhuma censura contra o seu marido por seu casamento imprudente. A mágoa que não pôde compartilhar com nenhum amigo terrestre, levou-a ao seu Pai Celestial e buscou conforto somente Dele que tinha dito: “Invoca-me no dia da angústia; Eu te livrarei”. Existe um grande poder na oração. O nosso grande adversário está constantemente procurando manter a alma angustiada longe de Deus. Um apelo ao Céu pelo mais humilde dos santos é mais temido por Satanás do que os decretos de gabinetes ou as ordens de reis. […]
Ana […] [comungou] com Deus. Ela cria que a sua oração tinha sido ouvida e a paz de Cristo enchia o seu coração.” The Signs of the Times, 27 de outubro de 1881
“Zacarias bem sabia como tinha sido dado a Abraão um filho na sua velhice, porque ele acreditava que era fiel Aquele que tinha prometido. Por um momento, porém, o velho sacerdote volvera os pensamentos para a fraqueza da humanidade. Esqueceu-se de que Deus é capaz de cumprir aquilo que promete. […]
O nascimento de um filho a Zacarias, como o do filho de Abraão, e o de Maria, visava ensinar uma grande verdade espiritual, verdade que somos tardios em aprender e prontos a esquecer. Somos por nós mesmos incapazes de fazer qualquer bem; mas o que não somos capazes de fazer, o poder de Deus há de operar em toda alma submissa e crente. Através da fé foi dado o filho da promessa. Mediante a fé é gerada a vida espiritual, e somos habilitados a realizar as obras da justiça.” O Desejado de Todas as Nações, p. 98