13.5.20

Repetição, Padrões de Palavras e Significado

Terça-feira, 12 de Maio

No pensamento hebraico, existem várias maneiras de expressar ideias que reforçam o significado e enfatizam a importância de conceitos. Ao contrário das línguas europeias, o hebraico não possui sinais de pontuação na língua original. Por isso, na estrutura da língua foram desenvolvidas outras formas de comunicar estas ideias.

5. Que palavras foram repetidas em Génesis 1:26, 27 e Isaías 6:1-3? Como são realçadas essas palavras por conceitos diferentes introduzidos através da repetição?

Uma das maneiras como o escritor hebraico podia enfatizar certo atributo de Deus era repeti-lo três vezes. À medida que o relato da criação chega ao ápice da obra criativa divina, o texto enfatiza a importância singular da humanidade criada. O termo bara (“criar”) tem sempre apenas Deus como sujeito. Ou seja, somente Deus tem o poder de criar sem depender de matéria pré-existente. O texto descreve a criação do homem: “Criou Deus, pois, o homem à Sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Génesis 1:27). Observe a tripla repetição do verbo “criar”. Portanto, Moisés enfatizou que o ser humano foi criado por Deus e que também foi criado à Sua imagem. Estas verdades eram a sua ênfase.

Na visão e chamado de Isaías, os serafins repetiram as palavras “santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos” (Isaías 6:3). A ênfase está na santidade de um Deus maravilhoso, cuja presença enche o templo. Também vemos esta santidade mediante as palavras de Isaías, quando ele estava na presença do Todo-Poderoso: “Ai de mim! Estou perdido!” (Isaías 6:5). Mesmo o profeta Isaías, confrontado com a santidade e o caráter de Deus, encolheu-se ante a sua indignidade. Vemos assim, muito antes da exposição de Paulo sobre a pecaminosidade humana e a necessidade de um Salvador (Romanos 1-3), a Bíblia a expressar a natureza decaída da humanidade, mesmo numa pessoa “boa” como Isaías.

Em Daniel 3, há uma repetição (com variações) da expressão “imagem que o rei Nabucodonosor tinha levantado” (Daniel 3:1-3, 5, 7, 12, 14, 15, 18). Esta expressão, ou variações dela, é repetida dez vezes no capítulo para contrastar a ação de Nabucodonosor em desafio à imagem que Deus lhe tinha revelado através de Daniel (Daniel 2:31-45). A ênfase neste caso está na tentativa do ser humano de se tornar um deus a ser adorado, em contraste com o único Deus verdadeiro, o único digno de adoração.