5.11.18

Guilherme Miller

Deus mandou Seu anjo mover o coração de um lavrador, que não havia crido na Bíblia, a fim de o levar a examinar as profecias. Anjos de Deus repetidamente visitavam aquele escolhido, para guiar seu espírito e abrir à sua compreensão profecias que sempre tinham sido obscuras para o povo de Deus. Foi-lhe dado o início da cadeia de verdade, e ele foi levado a examinar elo após elo, até que olhou maravilhado e admirado para a Palavra de Deus. Viu ali uma perfeita cadeia de verdades. A Palavra que ele havia considerado como não inspirada, abria-se-lhe agora ante a visão, em sua beleza e glória. Viu que uma parte das Escrituras explica outra, e, quando uma passagem estava fechada à sua compreensão, encontrava em outra parte da Palavra aquilo que a explicava. Olhava a santa Palavra de Deus com alegria, e com o mais profundo respeito e temor.

Acompanhando as profecias em seu curso, viu que os habitantes da Terra estavam vivendo nas cenas finais da história deste mundo; e contudo não o sabiam. Olhou para as igrejas e viu que estavam corrompidas; haviam tirado de Jesus as suas afeições, colocando-as no mundo; estavam a buscar honras mundanas, em vez daquela honra que vem de cima; apoderavam-se das riquezas mundanas, em vez de acumular seu tesouro no Céu. Via hipocrisia, trevas e morte por toda a parte. Seu espírito agitou-se dentro dele. Deus o chamou para deixar sua lavoura, assim como chamara Eliseu para deixar seus bois e o campo de seu trabalho a fim de seguir Elias. Com tremor, Guilherme Miller começou a desvendar ao povo os mistérios do reino de Deus, transportando seus ouvintes através das profecias até o segundo advento de Cristo. Com cada esforço que fazia adquiria força. Assim como João Batista anunciou o primeiro advento de Jesus e preparou o caminho para a Sua vinda, Guilherme Miller e os que com ele se ajuntaram proclamaram o segundo advento do Filho de Deus.

Fui transportada aos dias dos discípulos e mostrou-se-me que Deus tinha uma obra especial para o amado João cumprir. Satanás estava decidido a impedir esta obra, e induziu seus servos a destruírem João. Deus, porém, enviou Seu anjo e maravilhosamente o guardou. Todos os que testemunharam o grande poder de Deus manifesto no livramento de João, ficaram estupefatos, e muitos se convenceram de que Deus estava com ele, e de que o testemunho que dava a respeito de Jesus era correto. Aqueles que procuravam destruí-lo ficaram com receio de tentar novamente tirar-lhe a vida, e foi-lhe permitido continuar a sofrer por Jesus. Foi acusado falsamente por seus inimigos e finalmente banido para uma ilha deserta, aonde o Senhor enviou o Seu anjo para revelar-lhe acontecimentos que deveriam ter lugar na Terra, e a condição da igreja até o fim — suas apostasias, e a posição que ela deveria ocupar se quisesse agradar a Deus e finalmente vencer.

O anjo do Céu veio a João com majestade, brilhando seu rosto com a excelente glória de Deus. Revelou a João cenas de profundo e palpitante interesse, na história da igreja de Deus, e apresentou-lhe os perigosos conflitos que os seguidores de Cristo deveriam suportar. João os viu passar por violentas provações, serem embranquecidos e provados, e finalmente vitoriosos, gloriosamente salvos no reino de Deus. O semblante do anjo se tornou radiante de alegria, e tornou-se extraordinariamente glorioso, ao mostrar ele a João o triunfo final da igreja de Deus. Quando o apóstolo contemplou o livramento final da igreja, ficou fora de si ante a glória daquela cena, e, com profunda reverência e temor, caiu aos pés do anjo para o adorar. O mensageiro celestial imediatamente o levantou, e mansamente o reprovou, dizendo: “Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a Deus. Pois o testemunho de Jesus é o Espírito da Profecia.” Apocalipse 19:10. O anjo mostrou então a João a cidade celestial, com todo o seu esplendor e deslumbrante glória, e ele, extasiado e vencido, e esquecendo-se da reprovação anterior do anjo, de novo se prostrou para adorar a seus pés. É novamente proferida a suave reprovação: “Vê, não faças isso; eu sou conservo teu, dos teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus.” Apocalipse 22:9.

Pregadores e o povo têm considerado o livro do Apocalipse como sendo misterioso, e de menos importância que outras porções das Escrituras Sagradas. Vi, porém, que este livro é na verdade uma revelação dada para o benefício especial daqueles que vivessem nos últimos dias, a fim de os guiar no descobrir sua verdadeira posição e seus deveres. Deus encaminhou a mente de Guilherme Miller para as profecias, e deu-lhe grande luz quanto ao livro do Apocalipse.

Se as visões de Daniel tivessem sido compreendidas, o povo poderia melhor ter entendido as visões de João. Mas, no tempo devido, Deus moveu o Seu servo escolhido, que, com clareza e no poder do Espírito Santo, desvendou as profecias e mostrou a harmonia das profecias de Daniel e de João, e outras partes da Bíblia, e fez falar ao coração do povo as advertências sagradas e terríveis da Palavra, para se preparar para a vinda do Filho do homem. Profunda e solene convicção repousou sobre a mente dos que o ouviam, e ministros e povo, pecadores e ateus voltavam-se ao Senhor e buscavam preparar-se para estar em pé no juízo.

Anjos de Deus acompanhavam Guilherme Miller em sua missão. Ele era firme e denodado, proclamando destemidamente a mensagem a ele confiada. Um mundo que jazia na impiedade, e uma igreja fria e mundana eram bastante para suscitar à atividade todas as suas energias, e levá-lo voluntariamente a suportar trabalhos, privações e sofrimento. Embora a ele se opusessem cristãos professos e o mundo, e rudemente o atacassem Satanás e os seus anjos, não cessou de pregar o evangelho eterno às multidões, onde quer que era convidado, fazendo repercutir longe e perto o clamor: “Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora do Seu juízo.” Apocalipse 14:7.