24.7.18

Perante o Sinédrio

Terça-feira, 24 de Julho


4. Leia Atos 7:1-53. O que disse Estêvão aos seus acusadores? Que lições podemos aprender com as suas palavras?

As acusações levantadas contra Estêvão levaram-no à prisão e ao julgamento pelo Sinédrio. De acordo com a tradição judaica, a lei e os serviços do templo representavam dois dos três pilares sobre os quais o mundo estava fundamentado – o último era a prática das “boas obras”. A simples insinuação de que as cerimónias mosaicas se tinham tornado obsoletas era verdadeiramente considerada um ataque ao que havia de mais sagrado no judaísmo; daí a acusação de blasfêmia (Atos 6:11).

A resposta de Estêvão é o discurso mais longo do livro de Atos, o que indica a sua importância. Embora, à primeira vista, ele pareça apenas uma exposição tediosa da história de Israel, devemos entender o discurso em conexão com a aliança do Antigo Testamento e a maneira como os profetas usavam a estrutura dessa aliança quando se levantavam como reformadores religiosos para chamar Israel de volta às exigências da aliança. Eles costumavam empregar a palavra hebraica rîb, cuja melhor tradução provavelmente seja “processo judicial da aliança”, a fim de expressar a ação legal de Deus contra o Seu povo, por causa da incapacidade dele de cumprir a aliança.

Em Miqueias 6:1 e 2, por exemplo, rîb aparece três vezes. Seguindo o padrão da aliança do Sinai (Êxodo 20–23), Miqueias relembrou o povo dos atos poderosos de Deus em seu favor (Miqueias 6:3-5), das condições e violações da aliança (Miqueias 6:6-12) e, finalmente, das maldições que resultavam dessas violações (Miqueias 6:13-16).

Este provavelmente seja o pano de fundo do discurso de Estêvão. Quando solicitado a explicar as suas ações, ele não fez nenhum esforço para refutar as acusações nem para defender a sua fé. Em vez disso, ele ergueu a voz da mesma forma que os profetas antigos fizeram quando trouxeram o rîb de Deus contra Israel. Estêvão tinha o objetivo de ilustrar a ingratidão e a desobediência do povo.

Em Atos 7:51-53, Estêvão já não era o réu, mas o profeta de Deus, a apresentar o “processo judicial” contra os líderes. Se os seus antepassados eram culpados de matar os profetas, eles eram ainda mais. A mudança de “nossos pais” (Atos 7:11, 19, 38, 44, 45) para “vossos pais” (Atos 7:51, 52) é significativa: Estêvão pôs fim à sua solidariedade para com o seu povo e tomou uma posição definitiva ao lado de Jesus. O custo seria enorme; no entanto, ele não revelou medo nem arrependimento.

Qual foi a última vez que precisou assumir uma posição firme e decidida a favor de Jesus? Fez o que devia fazer ou vacilou?